MST bloqueia rodovias e promove invasões; Stédile pressiona Calheiros para barrar impeachment

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Na terça-feira (26), o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) iniciou uma série de atos contra o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. As ações envolveram bloqueios em rodovias, passeatas e invasões de terra em oito Estados – Minas Gerais, Paraíba, Mato Grosso, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.

De acordo com o movimento, que age na ilegalidade e desrespeita frontalmente a legislação vigente no País, ao menos 350 sem-terra participaram de invasão à fazenda Tio Faustino, de 600 hectares, na cidade de Eldorado Sul, região metropolitana de Porto Alegre. Os bandoleiros que se escondem atrás de uma suposta causa social alegam que a área estava abandonada há oito anos.

Enquanto isso, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, reuniu-se com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pressioná-lo a impedir o prosseguimento do processo de impeachment da petista Casa legislativa.

Ainda participaram do encontro lideranças de outros movimentos sociais ligados ao governo, como a CUT e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na reunião, Stédile entregou a Renan um volume de manifestos assinados por cerca de 300 instituições contrárias ao que chamam de “golpe”.


Na reunião, os militantes lembraram o caso do presidente norte-americano Bill Clinton, que sofreu um processo de impeachment na Câmara, mas foi absolvido pelo Senado, em 1999. Contudo, o caso em nada lembra o da presidente Dilma Rousseff. Clinton foi processado por falso testemunho após negar ter mantido relações sexuais com uma estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky.

Durante o encontro, Calheiros disse que o Congresso brasileiro já cometeu alguns “equívocos” ao longo da história, citando a cassação do mandato do comunista Luiz Carlos Prestes, nos anos 1940, e de João Goulart, após o golpe militar de 1964. “Toda vez que o Senado se apressou a tomar decisões, de uma forma ou de outra, tivemos que fazer a revisão da própria história”, destacou.

Ele também afirmou que avaliará a possibilidade de liberar aos movimentos o acesso às galerias do Senado no dia da votação do veredito sobre o afastamento de Dilma. Na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vetou a presença de militantes.

Ao final do encontro, Renan declarou que vai cooperar com Michel Temer assim como colaborou com Dilma, caso o vice assuma a Presidência. “Se for o caso de nós termos um governo temporário, eu terei a mesma relação que tive com a presidente Dilma, de independência, mas colaboração com aquilo que representa o interesse nacional”, disse.

O presidente do Senado fez questão de ressaltar que está conversando com os dois lados. Ele se encontrou com o ex-presidente Lula e a presidente Dilma e, que nesta quarta-feira, se encontraria com vice-presidente Michel Temer.

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