PT levanta suspeição de relator do impeachment, mas não faz o mesmo no caso da cassação de Delcídio

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Como vem acontecendo nos últimos dias na Comissão Especial do Impeachment, no Senado Federal, a sessão desta quarta-feira (4), destinada à leitura do relatório produzido pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), é deprimente. Marcada por um bate-boca sem fim entre a base aliada e a oposição, a reunião mostra a decadência dos políticos que chamam para si o direito de decidir o futuro da nação.

A exemplo do que sempre afirmamos, a política, pelo menos no Brasil, é a arte da incoerência. Obcecada por denegrir a imagem do relator e insistindo em seu afastamento pelo fato de o mesmo ser filiado ao PSDB, a tropa de choque de Dilma Rousseff no colegiado age como verdadeira guarda pretoriana, pois não aceita a ideia de que a presidente da República incorreu em crime de responsabilidade e por isso será afastada do cargo.

A alegação de que Antonio Anastasia é integrante do principal partido de oposição ao governo do PT é inócua e exala o desespero que tomou conta do governo, cada vez mais preocupado com a possibilidade de as lambanças dos seis integrantes, assim como do PT, serem descobertas em breve.

Enquanto pregam a suspeição de Anastasia, os senadores obedientes às ordens palacianas fecham os olhos para situação idêntica, mas que por conveniência governista é simplesmente ignorada. Preso na Operação Lava-Jato e um dos principais e explosivos delatores do Petrolão, o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, o senador Delcídio Amaral (MS) foi alvo de processo por quebra de decoro parlamentar e poderá ter o mandato cassado dentro de alguns dias.

No Conselho de Ética do Senado o processo relativo a Delcídio teve como relator o senador Temário Mota (PDT-RR), parlamentar que envergonha a classe por sua obediência burra e canhestra em relação ao Palácio do Planalto. Telmário vem defendendo de forma descabida a presidente Dilma no caso do impeachment, por isso não poderia relatar o processo contra Delcídio Amaral.

De chofre os assuntos parecem não ter qualquer ligação, mas a questão é muito simples. Quando um assessor de Delcídio ouviu do ministro Aloizio Mercadante (PT-SP), então chefe da Casa Civil, uma proposta de ajuda financeira para que o senador desistisse do acordo de delação premiada, ficou claro que o governo estava disposto a tudo para evitar o pior.


Abandonado pela cúpula do governo e pelo PT, além de ter sido chamado de “imbecil” pelo alarife Lula, o ex-petista Delcídio Amaral não teve outra saída que não contar às autoridades o que sabia sobre o escândalo de corrupção que continua a chacoalhar o País. E nessa avalanche de informações sobrou para Lula, Dilma e outros próceres da esquerda nacional. Desde então, o governo ordenou o aniquilamento político do senador sul-mato-grossense, começando pela cassação do seu mandato parlamentar.

Para fingir falsa isenção, o PT articulou nos bastidores para que o relator do processo contra Delcídio, no Conselho de Ética, fosse alguém que cumprisse as determinações do Palácio do Planalto, pois o primeiro capítulo do script criminoso era a vingança.

Pois bem, se Telmário Mota, um conhecido capacho do governo criminoso de Dilma Rousseff, agora denunciada pelo MPF por obstrução à Justiça, pode ser o agente da vingança palaciana, não há razão para o PT questionar a suspeição do relator Antônio Anastasia.

Fato é que para o PT o jogo acabou, mas a “companheirada” ainda resiste à ideia de ter de largar o osso, depois de ter devorado a carne. Os petistas sabem que o afastamento de Dilma Rousseff é inevitável e uma questão de dias, por isso tentam a todo instante “melar” o processo na esperança de que até a próxima semana ocorra um milagre.

Dizem os mais crédulos que Deus é brasileiro, mas o papa é argentino e não foi convidado para ser o relator do processo contra a presidente da República. Sendo assim, o melhor é procurar o telefone da empresa de mudança mais próxima.

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