O que era já não é mais. Presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA) decidiu revogar a própria decisão, tomada na manhã de segunda-feira (9), que anulou a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Casa legislativa.
A decisão foi tomada no final da noite de segunda-feira e o documento já está assinado, mas a nova medida só terá validade após publicação, o que deve acontecer nesta terça-feira, segundo o próprio Maranhão informou a parlamentares.
Diante da decisão inesperada, que garantiria ao governo a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), políticos rumaram na direção da casa de Waldir Maranhão, por volta da meia-noite, para tentar demovê-lo da ideia que obrigará Dilma a jogar a toalha.
Mais cedo, durante tumultuada sessão do Senado, Renan Calheiros, presidente da Casa, decidiu ignorar a medida adotada por Maranhão e deu sequência ao processo de impeachment, apesar da ruidosa gritaria da tropa de choque do governo.
A mudança radical de opinião de Waldir Maranhão se deve, possivelmente, à sua iminente expulsão do Partido Progressista, assunto que foi tratado com celeridade e indignação por integrantes da legenda. Recentemente, o presidente interino da Câmara perdeu co comando do PP no estado do maranhão por ter desrespeitado orientação da sigla e votado contra o impeachment de Dilma.
Caso a expulsão se concretize, como prometeram integrantes da cúpula do PP, Waldir Maranhão ficaria mais próximo de um processo de cassação de mandato com chances de ser aprovado no Conselho de Ética e no plenário da Câmara.
O recuo, que não era esperado pelos governistas, mostrou de forma inequívoca que José Eduardo Martins Cardozo, advogado-geral da União e responsável pela defesa de Dilma Rousseff, não sabe negociar e sequer cumpre o que eventualmente promete. Afinal, em sã consciência ninguém tomaria uma medida que contraria o desejo da extensa maioria da população apenas porque o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), quer impedir o ressurgimento do clã Sarney no estado mais pobre da federação.