Os investidores e analistas em Wall Street veem um governo de Michel Temer com alívio, mas também com cautela. Eles acreditam que o presidente interino tomará medidas “amigáveis”. Fora isso, os nomes da equipe econômica agradaram os analistas, em especial os do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem bom trânsito no mercado financeiro internacional, e o do presidente do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn.
Contudo, os especialistas temem que as investigações da Operação Lava-Jato flagrem mais políticos brasileiros envolvidos no escândalo de corrupção, o que poderia comprometer a governabilidade e aumentaria o volume da oposição revanchista do PT.
O processo de impeachment de Dilma Rousseff foi amplamente divulgado nos Estados Unidos, com matérias regulares, às vezes didáticas, nas principais redes de TV e nos dois maiores jornais do país, o “The New York Times” e o “The Wall Street Journal”.
O Brasil é um dos principais destinos para aplicações de recursos dos investidores dos Estados Unidos em países emergentes, o que obrigado o mercado a acompanhar esse processo com redobrada atenção.
Os dados mais recentes do Instituto Internacional de Finanças (IIF), instituição com sede em Washington formada pelos maiores bancos internacionais, mostram que o apetite dos investidores em relação Brasil aumentou nas últimas semanas, na expectativa de que a saída de Dilma leve o Brasil a conseguir ajustar a economia e impedir novos rebaixamentos do rating soberano.
O grande problema do Brasil decorre da equivocada política econômica dos governos de Lula e Dilma Rousseff, que não tiveram olhos adequados para a macroeconomia e não souberam lidar com as situações comezinhas do cotidiano econômico.
Ademais, o modelo econômico brasileiro ainda não é dos melhores, mesmo que as oportunidades de investimentos sejam atrativas, mas desprovidas de seguranças jurídicas e governamentais. A questão está no fato de a economia nacional ser dependente, em nível excessivo, do agronegócio, mas precisamente das commodities. Qualquer oscilação no mercado internacional de commodities coloca a economia brasileira no patíbulo da forca.
O problema não será resolvido pelo governo que estreou nesta histórica quinta-feira (12), mas esse cenário deve servir de motivo para reflexão e de ação para os próximos governantes, não importando o partido político ou viés ideológico. É preciso investir de forma diversificada para que a economia não fique desnivelada sobre pilares frágeis.
Por outro lado, é preciso fazer algo para estimular o consumo interno, desde que não seja a partir do modelo irresponsável e populista adotado por Lula, que incentivou o consumismo no rastro do crédito fácil.
A solução é complexa e demorada, mas é preciso começar, sem pensar em resultado de curto prazo. O Brasil, repetindo o mantra de muitas décadas atrás, continua sendo o país do futuro. E isso depende do presente.