A aprovação da lei que torna mais rígidas as penas para os crimes de estupro foi fruto de oportunismo barato dos políticos, que aproveitaram a violência cometida contra uma jovem de 16 anos, no Rio de Janeiro, para colocar a matéria em votação. De autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o projeto de lei, que aumenta em dois terços a pena para o crime de estupro, estava parado há oito meses no Senado Federal, mas só agora saiu do marasmo parlamentar.
A matéria precisa ser analisada e aprovada pela Câmara dos Deputados e, na sequência, sancionada pelo presidente da República. No caso de o projeto sofrer alguma alteração na Câmara, o mesmo retornará ao Senado para nova votação.
Infelizmente, no Brasil coloca-se a tranca na porta após a casa ter sido arrombada, o que mostra que políticos se valem de fatos graves e trágicos para convencer o eleitorado de que algo está sendo feito em benefício da população.
Diariamente acontecem no País, em média, 130 estupros, mas somente com a repercussão do caso ocorrido no Rio de Janeiro é que os parlamentares decidiram agir. Estupro é um crime hediondo, que quando coletivo transforma-se em barbárie. Por isso, todas as mulheres vítimas de violência merecem a atenção das autoridades, não apenas quando ocorre um caso de maior gravidade.
O oportunismo a que se refere o UCHO.INFO ficou claro no protesto patrocinado por deputadas e senadoras, que no Congresso Nacional empunharam faixas e cartazes contra a “cultura do estupro”. É importante frisar que falar em “cultura do estupro” significa dizer que esse tipo de violência faz parte do cotidiano do homem brasileiro, o que não é verdade.
Mesmo as estatísticas mostrando que o número de estupros é elevado no País, não se pode aceitar esse tipo de insinuação rasteira. Tal argumentação, infeliz, permite pensar que arruinar a economia é algo típico das mulheres, pois foi o que fez a presidente afastada Dilma Rousseff. O que também não é verdade.
Na política, como sempre afirma este noticioso, inexistem inocentes e tudo o que acontece tem uma razão de ser. Esse protesto, que surgiu no vácuo do crime cometido no Rio de Janeiro, serviu para alguns defensores de Dilma venderem à opinião pública a falsa ideia de que o afastamento da petista foi um golpe machista, como mostravam os cartazes exibidos no Congresso.
Sabe-se que é grande e crescente o desespero dos aduladores da presidente afastada com a possibilidade de o impeachment ser aprovado pelo plenário do Senado, mas é inaceitável a manobra covarde e desqualificada de algumas parlamentares de rotular a chegada de Michel Temer ao poder como um ato machista. Sem argumentos para justificar a defesa de Dilma, esquerdistas apelam à falta de bom senso na esperança de que suas sandices se perpetuem no imaginário coletivo.