Zelotes: após alvejar os bancos Safra e Bradesco, Ministério Público mira o Brascan e o BankBoston

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Para quem imaginava que a Polícia Federal poderia ser contida nas investigações que vem conduzindo, desmantelando esquemas de corrupção, o melhor é mudar de ideia. No momento em que a PF prendeu os donos e executivos das maiores empreiteiras do País e políticos até então considerados inalcançáveis, no escopo da Operação Lava-Jato, ficou claro que o sonho de passar o Brasil a limpo dava os primeiros passos rumo à realidade. É verdade que ainda falta muito para perceber os resultados da assepsia, mas o primeiro passo foi dado.

Depois de enquadrar o poderoso Banco Safra na Operação Zelotes, em março passado, sob a acusação de compra de parecer no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, a PF partiu para cima do gigante Bradesco. E não foi com muita delicadeza que a Zelotes chegou à instituição financeira da Cidade de Deus, em Osasco. De chofre a PF indiciou o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, por tráfico de influência, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

No caso do Banco Safra, o dono da instituição Joseph Yacoub Safra, segundo homem mais rico do País, foi indiciado por corrupção, sob a acusação de ter pago R$ 15 milhões para obter um parecer do CARF favorável à instituição financeira.


Agora, com a Zelotes caminhando a passos largos, o Ministério Público Federal alçou à mira dois bancos de porte médio: Brascan e BankBoston. Ambos são acusados de negociar com os criminosos que atuavam no CARF para reduzir ou anular os valores de multas milionárias impostas pela Receita.

Segundo os procuradores da República que atuam na Operação Zelotes, o Brascan teria negociado dívida de R$ 229,8 milhões, enquanto o BankBoston tentava reduzir um débito no valor de R$ 106 milhões. Em ambos os casos, o MPF poderá apresentar denúncia ou pedir o arquivamento dos mesmos.

Considerando as absurdas e proibitivas taxas de juro cobradas pelos bancos e o lucro estratosférico das instituições financeiras que operam no Brasil, recorrer a um esquema criminoso com o objetivo de anular ou reduzir multas é no mínimo uma afronta ao consumidor.

Se o Brasil ingressou na rota da seriedade não se sabe, mas já passou da hora de pessoas que lesam o erário por meio de sonegação de impostos e esquemas de corrupção serem presas, não sem antes ressarcirem os cofres públicos.

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