Dona de temperamento forte, a ponto de ser truculenta no trato, e embalada por incompetência devastadora, Dilma Vana Rousseff começa a ver o desmoronamento do seu castelo de mentiras. Afastada temporariamente da Presidência da República por decisão do Senado Federal, Dilma está longe de ser a figura que sua tropa de choque insistiu em “vender” – e ainda insiste – no vácuo das discussões sobre o impeachment.
Seus defensores dizem que Dilma Rousseff é uma pessoa honesta e que contra ela não há qualquer investigação sobre corrupção, mas pelo jeito esse período de ventos brados acabou. Presidente licenciado do grupo Odebrecht, o empresário Marcelo Odebrecht, preso e condenado na Operação Lava-Jato, alinhavou acordo de colaboração premiada e não poupou a petista, como já era esperado.
Marcelo Bahia Odebrecht colocou a petista em situação de extrema dificuldade ao afirmar que foi autorizado pela própria presidente engordar o caixa de sua campanha à reeleição com R$ 12 milhões do Petrolão, o maior esquema de corrupção de todos os tempos. Segundo Odebrecht, o pedido foi feito por Edinho Silva, à época tesoureiro da campanha da petista.
Essa declaração por si só é suficiente para inviabilizar o retorno de Dilma ao Palácio do Planalto, já que a corrupção foi o combustível que moveu a opinião pública e a máquina a favor do impeachment.
Não bastassem as revelações feitas por Odebrecht, a delação de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, é no mínimo explosiva, sem contar que é comprometedora. Em vídeo gravado pela força-tarefa da Lava-Jato, Cerveró afirma que a petista mentiu sobre a refinaria de Pasadena.
“Primeiro que eu conheço a Dilma, e aí eu fiquei muito cabreiro. Embora eu conheça a intimidade da Dilma com o Delcídio, se a Dilma gostasse tanto assim de mim, ela não tinha me sacaneado – desculpe a expressão – há um ano, quase dois anos atrás, quando fugiu da responsabilidade dizendo que tinha aprovado Pasadena porque eu não tinha dado as informações completas”, declarou o ex-dirigente da estatal.
“Quer dizer, ela me jogou no fogo, ignorou a condição de amizade que existia, que eu acreditava que existia –trabalhei junto com ela 15 anos– e preferiu, para [se] livrar, porque estava em época de eleição, tinha que arrumar um Cristo. Então: ‘Ah, não, eu fui enganada’. É mentira! É mentira”, completou Nestor Cerveró.
Sobre sua indicação para o cargo de diretor da BR Distribuidora, Cerveró explicou o fato na esteira do escândalo em que se transformou o empréstimo (R$ 12 milhões) tomado por José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin.
“Eu não fui indicado. O Lula virou para os outros, o José Sérgio Gabrielli e a Dilma, e disse: e o Nestor? O que vamos fazer com ele. Não podemos deixar o cara… ele quebrou nosso galho. Arrumou milhões para pagar a divida que o PT tinha.” Cerveró frisou que essa não foi a fala literal de Lula, mas sua interpretação sobre o episódio de sua indicação.
Bumlai, o conselheiro rural (sic) de Lula, contraiu, em 2004, empréstimo no Banco Schahin e afirmou ter repassado R$ 6 milhões ao empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André, que, de acordo com investigações da Lava-Jato, chantageava o PT com informações estarrecedoras sobre a atuação da legenda no chamado Grande ABC.
Anos mais tarde, a área Internacional da Petrobras, sob a direção de Nestor Cerveró, concordou em contratar a Schahin Engenharia por US$ 1,6 bilhão para a operação de um navio-sonda, o “Vitoria 10.000”. Isso garantiu a quitação do empréstimo não pago por José Carlos Bumlai.