Uma possível delação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, preso pela Polícia Federal em 15 de abril de 2015 e condenado à 15 anos e 4 meses de prisão em processo da Operação Lava-Jato, pode mandar o partido pelos ares. Inconformado com o abandono por parte dos “companheiros”, Vaccari já mandou outros recados à cúpula da legenda, mas agora, pressionado pela família, pode fazer acordo de colaboração premiada como forma de reduzir a pena.
O ex-tesoureiro, que foi citado por diversos delatores como responsável por receber em nome do PT propinas no âmbito do Petrolão, promete contar o que sabe acerca dos petistas envolvidos no esquema criminoso que funcionou durante uma década na Petrobras.
Enquanto Dilma Rousseff, a presidente afastada, ainda estava no Palácio do Planalto, o PT tinha condições de fazer algum aceno a Vaccari, mas agora, longe do poder central, ao partido resta torcer para que o ex-tesoureiro mantenha o silêncio por mais algum tempo. O que parece ser impossível, pois o efeito do cárcere é devastador no campo psicológico.
No caso de uma delação de João Vaccari Neto, o efeito cascata seria inevitável, já que outros petistas investigados na Lava-Jato teriam de fazer o mesmo, caso não queiram enfrentar uma longa temporada atrás das grades. Isso porque eventuais informações do outrora responsável pelo cofre petista ampliaria o leque das investigações e colocaria mais gente no olho do furacão. É o caso de José Dirceu, preso desde agosto de 2015 e condenado a 23 anos e 3 meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Assim como no caso de Vaccari, a sentença imposta a Dirceu é passível de recurso, mas se a pena for confirmada em segunda instância, o ex-chefe da Casa Civil só poderá apelar preso. O que complica sobremaneira o cenário, uma vez que Dirceu já tem 70 anos. Considerando que a estimativa média de vida do brasileiro é de 75 anos, o tempo urge para o consultor que ganhou dinheiro até mesmo quando esteve preso na Papuda. Ou seja, uma delação de José Dirceu não deve ser descartada, principalmente se a de Vaccari puxar a fila.
A pressão exercida pela família de Vaccari é decorrente da decisão do Supremo Tribunal Federal de que o preso com sentença confirmada em segunda instância deve começar a cumprir a pena de pronto, independentemente das fases recursais subsequentes.
Como mencionado, um acordo de colaboração premiada de João Vaccari colocaria em dificuldade “companheiros” ilustres, muitos dos quais ainda longe das garras da Lava-Jato. Sem contar os que já foram presos, julgados e condenados, que seriam impelidos a soltar a voz para evitar o pior. Em suma, é questão de tempo e paciência, mas o castelo da corrupção não tarda a cair.
