O que antecipou o UCHO.INFO não demorou para se aproximar da realidade dos fatos. A delação de Mônica Moura, mulher do marqueteiro das estrelas petistas e presa na Operação Lava-Jato, acabou levando João Santana a reconsiderar a possibilidade de soltar a voz.
Alvos da Operação Acarajé, 23ª fase da Lava-Jato, Mônica e Santana estão presos em Curitiba, mas em locais separados, o que dificulta ainda mais uma sintonia fina entre os depoimentos do casal. Com a disposição de Mônica Moura, que é sócia do marqueteiro, de contar o que sabe sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos, Santana ficou em situação de dificuldade diante dos integrantes da força-tarefa. Se não falar, poderá ser prejudicado sobremaneira pela delação da mulher.
Defendendo a tese de que a delação isolada de Mônica Moura não seria suficiente, as autoridades da Lava-Jato preferiram aposta no tempo e esperar um novo posicionamento de João Santa, que de chofre se negou a negociar um acordo de colaboração premiada com medo de perder futuros clientes. Como se algum político, a essa altura dos acontecimentos, terá dinheiro e coragem de contratá-lo.
Os advogados negam, mas Santana estaria nos primeiros capítulos de uma negociação que pode desembocar em um depoimento bombástico e cheio de detalhes, o qual colocará o lobista-palestrante Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff em situação de extrema dificuldade.
Não obstante, uma eventual delação de João Santana não poderá fugir do que já teria revelado às autoridades sua esposa e sócia. Se algo escapar do script de Mônica Moura, o marqueteiro terá dias difíceis pela frente.
Ademais, a fala de Santa e Mônica precisam não apenas estar em consonância, mas alinhadas minimamente com as delações dos executivos e donos das empreiteiras que abasteceram os cofres do PT, seja com propina despejada no caixa 2, seja com doação supostamente oficial e legal. Em ambas as situações, a corrupção é que deu o tom do processo.
Nesse caso, João Santana encontra-se diante de uma encruzilhada, pois precisa decidir se prefere alimentar a esperança de participar de novas campanhas e passar boa temporada atrás das grades, ou, então, perder possíveis clientes e gozar a vida – e a dinheirama – em liberdade. Tudo dependerá da vaidade do marqueteiro e de como ele avalia a possibilidade de, abrindo a boca, sofrer algum tipo de represália por parte da “companheirada”. Em suma, ser livre ou não ser, eis a questão.