Copom mantém juro em 14,25%, contraria o governo e confirma luta contra a inflação

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (20), manter a taxa básica de juro, a Selic em 14,25% ao ano, sem viés, confirmando a expectativa do mercado financeiro.

Essa foi a primeira reunião do Copom sob o comando do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que em junho afirmou que buscará atingir, em 2017, a meta central de inflação de 4,5% em 2017. Isso significa que a queda da taxa básica de juro será mais lenta e demorada, ao mesmo tempo em que a economia terá mais dificuldades para se recuperar.

Na nota divulgada no site do BC, a instituição informa que o conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do comitê aponta para a perspectiva de estabilização da atividade econômica no curto prazo. Contudo, as evidências sugerem que a economia segue operando com alto nível de ociosidade. Ou seja, o setor produtivo está desaquecido, como já é de conhecimento de todos, o que reflete automaticamente no varejo.

No âmbito externo, também explica o Copom, o cenário permanece desafiador. No curto prazo, o ambiente encontra-se relativamente benigno para as economias emergentes, mas a dinâmica da recuperação da economia global permanece frágil, com incertezas quanto ao seu crescimento.

Ainda elevada, a inflação corrente do País acumulou em doze meses, até junho, 8,84%, índice distante da meta para o próximo ano. Especialistas do mercado creem que os primeiros movimentos de redução da Selic devem acontecer no final deste ano ou no começo do próximo.

Como mencionado acima, o BC trabalha com o objetivo de levar a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ao centro da meta (4,5%) em 2017, mas há nesse cenário alguns fatores a serem analisados.


Por mais que o Copom sinalize, com a decisão desta quarta-feira, que apesar de as expectativas de inflação terem recuado o cenário atual não tem espaço para a precipitação, o esforço para convergir a inflação ao centro da meta não combina com o avanço dos gastos públicos. Em 2017, os gastos do governo serão reajustados com base na inflação deste ano, que deve encerrar o período no patamar de 7%. Isso mostra que haverá uma diferença considerável entre os dois cenários.

Na nota, o Copom informa que identificou os seguintes riscos domésticos para o cenário básico para a inflação:

Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação;

Por outro lado, (iv) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação; e (v) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.

Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária.

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