Assim como na Copa do Mundo, Odebrecht entrega Vila Olímpica inacabada e em cima da hora

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Há apenas um mês, o Consórcio Ilha Pura, formado pela Odebrecht Imobiliária e pela Carvalho Hosken, entregou as instalações hidráulicas e elétricas da Vila Olímpica de atletas. Contudo, os testes mostraram que houve falhas principalmente nos pontos que causaram a maioria das reclamações das delegações. Vale destacar que a Odebrecht é a mesma construtora que entregou o estádio de abertura da Copa, Arena Corinthians, inacabado para o primeiro jogo.

Entre os problemas relatados pelos atletas estão defeitos na parte hidráulica, instalações elétricas aparentes, falta de iluminação e cheiro de gás. O Comitê Olímpico Internacional (COI) admitiu os problemas em todos os prédios. O comitê organizador da Rio-2016 afirma que agora 12 edifícios já estão com problemas resolvidos, sendo que os outros 19 ainda precisam ser finalizados.

A Vila foi entregue ao comitê organizador do Rio-2016 em maio, mas as instalações elétricas só foram concluídas há um mês. De acordo com o comitê organizador, esses itens foram testados recentemente porque havia um conjunto de prioridades, entre as quais a construção de um restaurante com tendas. Por isso, as falhas na obra só foram identificadas a poucos dias dos Jogos e no momento da chegada dos atletas.

“Do ponto de vista teórico, a construtora teria de entregar tudo isso pronto. Mas a gente sabe como é com obra e tem pontos a ser feitos”, argumentou o diretor de comunicação do comitê do Rio-2016, Mario Andrada, que ainda afirmou que não era hora de apontar culpados. “Essa conexão de água e luz foi feita há um mês. Não estavam ligadas porque havia outras coisas a fazer”.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o perfeito peralvilho tupiniquim, ressaltou também que a operação da Vila ficou a cargo do comitê organizador há três meses. Oficialmente, a Vila foi recebida no dia 15 de junho.

Questionado, o Consórcio Ilha Pura disse que está resolvendo os problemas: “A equipe de manutenção da Vila dos Atletas foi acionada para atender a falhas em alguns apartamentos e está realizando os ajustes necessários. O objetivo é manter todos os esforços para concluir estes ajustes de modo que as delegações possam desfrutar da melhor forma da estadia na Vila dos Atletas”.


A prefeitura da capital fluminense decidiu que a Vila Olímpica funcionaria no empreendimento Ilha Pura por questão de economia. O conjunto de 31 prédios já seria construído pela Carvalho Hosken em terreno próprio. Pela parceria acertada, o município bancou a infraestrutura em volta do projeto – com custo em torno de R$ 30 milhões –, o que inicialmente seria responsabilidade dos construtores. Em troca, tudo teria de ficar pronto até antes da abertura dos Jogos. E isso pode não acontecer, se considerada a teoria da improvisação que grassa no País.

O investimento das construtoras foi de R$ 2,3 bilhões por meio de financiamento da Caixa Federal. A Carvalho Hosken e a Odebrecht também participam do consórcio “Riomais”, que construiu o Parque Olímpico. A primeira empresa é doadora de campanha do prefeito Eduardo Paes, que aparece em uma lista de políticos supostamente beneficiados pela Odebrecht, coforma demonstram documentos apreendidos na Operação Lava-Jato.

A Odebrecht foi responsável pela construção da Arena Corinthians, que sediou a abertura da Copa de 2014 e recebeu diversas críticas da diretoria da FIFA. Ao longo da construção da arena, a FIFA condenou com veemência o andamento das obras, que registraram um acidente grave com a morte de dois operários. No estádio do Corinthians, operários finalizavam as obras até a poucos dias antes da abertura oficial.

Após a polêmica, o estádio foi entregue inacabado sem parte de sua cobertura, infraestrutura do prédio leste, entre outros pontos. Houve pequenas falhas nos refletores no primeiro jogo da Copa. Até hoje existem discussões com o clube em relação à conclusão plena da arena.

É importante ressaltar que a Vila Olímpica começou a ser construída em 2012, isto é, quatro anos antes dos Jogos. Nesse período, a prefeitura do Rio informou de forma reiterada que as obras estavam dentro do prazo. Já a Arena Corinthians começou tarde porque foi escolhida como abertura após a exclusão do Morumbi.

O comitê Rio-2016 não quis comentar sobre a possibilidade de cobrança de multas ou indenizações para construtoras por conta das falhas. Alegou que não é o momento de discutir esses pontos

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