No momento em que despeja verdadeiras fortunas em campanhas publicitárias na condição de patrocinador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que começam no próximo dia 5 de agosto, o Bradesco sobe no pódio da Operação Zelotes, que investiga esquema criminoso no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão ligado ao Ministério da Fazenda e palco de desenfreada corrupção.
Nesta quinta-feira (28), o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, aceitou denuncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e mais nove pessoas por suposto envolvimento em esquema de corrupção no CARF.
O juiz, que determinou a citação dos denunciados para que os mesmos apresente defesa em no máximo vinte dias, destacou em seu despacho que “nesse juízo preliminar, não vislumbro qualquer elemento probatório cabal capaz de infirmar a acusação sem prejuízo da análise particularizada com a eventual contraprova.”
Os executivos do Bradesco, quarto maior banco brasileiro em valor de ativos, são acusados de negociar com um grupo a compra de decisões no CARF, que analisa recursos a débitos de grandes contribuintes com a Receita Federal.
Além de Luiz Carlos Trabuco, são réus na ação penal Luiz Carlos Angelotti, diretor de relação com investidores do Bradesco; Domingos Figueiredo de Abreu, diretor vice-presidente do Bradesco, e Mário da Silveira Teixeira Júnior, ligado ao conselho de administração do Bradesco.
O banco da Cidade de Deus (Osasco) há muito nega qualquer envolvimento de seus executivos no esquema, mas as autoridades não se convenceram e seguiram adiante nas denúncias.
“O Bradesco nega ter contratado serviço de lobistas no CARF e afirma que Trabuco não participou de qualquer reunião com o grupo citado”, enfatizou o banco em nota divulgada em maio passado, após a PF indiciar Trabuco e outros diretores.
As investigações detectaram que o grupo investigado por corromper integrantes do CARF negociou com executivos do Bradesco um “contrato” para anular débito de R$ 3 bilhões com a Receita Federal.
A Operação Zelotes, ao contrário do que imaginam os brasileiros, ainda está em seus capítulos iniciais, portanto poderá produzir ao longo dos próximos meses muitas surpresas ao alvejar profissionais e empresários de destaque, além de pessoas que costuma circular com desenvoltura nos subterrâneos do poder central.
Confira abaixo os denunciados:
Eduardo Cerqueira Leite, servidor da Receita Federal
Mário Pagnozzi Júnior, consultor e advogado
José Teruji Tamazato, consultor e advogado
Jorge Victor Rodrigues, ex-conselheiro do CARF
Lutero Fernandes do Nascimento, servidor da Receita Federal
Jefferson Ribeiro Salazar, ex-servidor da Receita Federal
Luiz Carlos Angelotti – diretor de relação com investidores do Bradesco
Domingos Figueiredo de Abreu – diretor vice-presidente do Bradesco
Luiz Carlos Trabuco Cappi – presidente do Bradesco
Mário da Silveira Teixeira Júnior – ligado ao Conselho de Administração do Bradesco