Quando setembro vier

(*) Carlos Brickmann

carlos_brickmann_10Este é o último mês de confusão institucional: setembro já se inicia com presidente definido – ao que tudo indica, Michel Temer, que poderá finalmente aplicar sem entraves seu plano de Governo. Dilma pode ficar, desde que consiga 28 votos dos 81 senadores; as probabilidades são pequenas. A previsão é de 20, ou pouco mais. E Dilma, definitivamente afastada, poderá realizar seu projeto de passar algum tempo fora do Brasil, descansando.

A data exata não pode ser prevista, mas será em agosto. Dilma queria prolongar o processo por mais algum tempo – morar num palácio belíssimo, com ampla criadagem, cozinheiros talentosos, comida e bebida à escolha, carro e seguranças à disposição, jato da FAB, gratuito, para visitar a família, não são mordomias que se rejeitem – mas poucos concordaram com o prolongamento da crise. O senador Ronaldo Caiado, DEM de Goiás, foi definitivo quando lhe perguntaram se seria possível encerrar o processo ainda neste mês. “Não é questão de ser possível: ele será encerrado”. Aposte na última semana de agosto, começando no dia 24 e terminando antes do dia 30.

Até lá, Dilma vai perdendo apoio. Rui Falcão, presidente nacional do PT, o partido de Dilma, descarta a ideia da presidente afastada de convocar um plebiscito que antecipe as eleições. “Até convocar um plebiscito e depois as eleições, estaremos em 2018”, desdenha.

Pois 2018 é a data normal das eleições, sem necessidade do plebiscito imaginado por Dilma.

Alternativas

Neste momento, Temer só tem um caminho: fazer o necessário para garantir sua vitória e manter a Presidência, A partir do momento em que seu cargo não mais esteja em jogo, Temer poderá seguir dois caminhos: o de José Linhares, presidente interino após a queda do ditador Getúlio Vargas, e o de Itamar Franco, que substituiu Fernando Collor. Linhares passou seu Governo nomeando parentes e amigos. Itamar fez um Governo sério, que culminou com o Plano Real.

Temer pode escolher qual PMDB representa: o de Ulysses Guimarães ou este que está aí, de Eduardo Cunha, Renan e Jader Barbalho.

Erramos

Por falar em Temer, Antônio Lavareda esclarece nota desta coluna que o apontou como um dos Três Marqueteiros que cuidam da imagem do presidente.
Lavareda informa que não trabalha para Temer, nem o assessora.

Imagem do Brasil

Determinação oficial do Governo chinês a seus atletas olímpicos: “Deixem relógios em casa e não falem em celular na rua”. Pelo jeito, os chineses não confiam em nossa segurança pública: devem achar que é muito xing-ling.

Passou do ponto

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tentou agir como de costume, assumindo à força a presidência do Mercosul. Mas a mudança de governo no Brasil e na Argentina não permite mais seus exageros. Maduro declarou a Venezuela presidente do Mercosul, alegando que, conforme as normas, assume o país com nome seguinte ao do líder anterior, por ordem alfabética. Saiu o Uruguai, vem a Venezuela.

Só que a Venezuela ainda não cumpriu mais de cem cláusulas obrigatórias para um membro do Mercosul. Não pode assumir. O chanceler brasileiro José Serra propõe que o Mercosul seja dirigido, nesse período, por uma comissão de embaixadores. Maduro poderá dirigir todos seus esforços para cuidar dos problemas internos da Venezuela.

Alívio

A Justiça dos EUA adiou por tempo indeterminado o julgamento das ações movidas contra a Petrobras por investidores americanos, que consideram seus investimentos prejudicados pelo Petrolão. Só as ações coletivas envolvem US$ 10 bilhões. A decisão levou em conta os recursos da Petrobras contra partes da acusação, como o período em que os queixosos alegam prejuízo. Com isso, a Petrobras ganha fôlego para acertar seus problemas financeiros.

Pressão

Em compensação, associações de trabalhadores e de aposentados da Petrobras decidiram processar a empresa e seu fundo de pensão, o Petros. Cobram R$ 500 milhões em débitos judiciais atrasados. Esta ação é a primeira de uma série, para evitar que os prejuízos do Petros tenham de ser cobertos pelos associados, já que a seu ver foram causados pela empresa.

Não perca

Um belo passeio a uma bela cidade, para um belo programa cultural. A mostra coletiva de artes do Grupo Pigmento, na Galeria Brás Cubas (Avenida Pinheiro Machado, 48, 2º andar) é ótima; e, nela, há as obras de uma boa e talentosa amiga, Cyra de Araújo Moreira. De segunda a sábado, das 11 às 19 horas, até 10 de setembro. Vale a pena.

Imperdível

Frase precisa de Elio Gaspari: “Os tucanos são notáveis políticos, capazes de brigar até mesmo pelo assento de uma cadeira elétrica”.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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