Ao menos três pessoas morreram e muitas ficaram com dificuldades para respirar quando um gás – possivelmente gás de cloro – foi lançado junto com bombas de barril sobre um bairro da cidade síria de Aleppo na quarta-feira (10), relataram diversas pessoas a agências de notícias.
À agência AP, o socorrista Khlaed Harah afirmou que um helicóptero do governo jogou quatro bombas de barril durante a noite no bairro de Zabadieh e que uma delas liberou gás de cloro. Uma mãe e seus dois filhos teriam morrido. A veracidade do relato não pôde ser verificada.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, grupo ativista sediado em Londres e que acompanha a guerra civil na Síria, também reportou que bombas de barril arremessadas pelo governo atingiram o bairro de Zabadieh. A organização disse ter recebido relatos de duas mortes e de várias pessoas com dificuldade para respirar, sem mencionar gás de cloro.
À agência Reuters, Hamza Khatib, gerente do hospital Al Qud, em Aleppo, disse que houve quatro mortes por envenenamento com gás e 55 feridos. Sete pessoas ainda estavam em tratamento. Khatib disse ter guardado pedaços das roupas dos pacientes e fragmentos das bombas de barril como evidências para análise.
A Defesa Civil Síria, serviço de regate que age no território controlado pelos rebeldes, disse à Reuters ter registrado três mortes e 22 feridos depois de um barril suspeito de conter gás de cloro cair sobre o bairro de Zabadieh. O grupo disse não poder confirmar se realmente se tratava do gás.
Cessar-fogo diário
Aleppo, no norte da Síria, era a cidade mais populosa do país antes da guerra e agora está dividida entre áreas controladas pelo regime e pela oposição. Uma batalha intensa pelo controle de Aleppo eclodiu na sexta-feira passada, quando rebeldes lançaram uma grande operação e conseguiram romper o cerco imposto há um pelo governo mês ao seu território. Acredita-se que 250 mil pessoas vivam na área, no leste da cidade.
A Rússia anunciou que haverá um cessar-fogo diário de três horas em Aleppo a partir desta quinta-feira, para permitir que comboios de ajuda humanitária ingressem na cidade. Um representante do Ministério russa da Defesa afirmou que a trégua será realizada entre as 10h e as 13h.
Desde o início da ofensiva insurgente, há relatos não confirmados de ativistas e moradores sobre ataques com gás de cloro à área controlada pela oposição. Governo e rebeldes negam ter usado armas químicas ao longo da guerra civil. O Ocidente culpa o regime por ataques do tipo, que por sua vez, ao lado da Rússia, acusa os opositores.
Investigadores da ONU concluíram que gás sarin foi usado num subúrbio de Damasco em 2013. Os EUA acusaram o governo sírio pelo ataque, que pode ter matado 1.429 pessoas. Damasco negou a responsabilidade, culpando os rebeldes. (Com agências internacionais)