Vice-presidente do COI afirma que Jogos do Rio são os “mais difíceis da história”

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Vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), John Coates afirmou em entrevista à BBC que a situação política e econômica do Brasil fez dos Jogos do Rio “os mais difíceis da história”.

“Tem sido muito difícil, esses têm sido os Jogos mais difíceis que tivemos, em termos de política e economia. Foi uma luta”, revelou Coates, alegando que boa parte da organização ficou para a última hora e que muitos ingressos não foram vendidos.

A Rio-2016 ocorre meio a uma crise econômica ainda em curso, ao processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff e foram precedidos pela turbulenta transição para o governo do presidente interino Michel Temer.

Ainda houve diversos protestos durante a passagem da tocha, quando manifestantes tentavam apagá-la pedindo investimentos em outras áreas que não a Olimpíada.

“Sete anos atrás, quando eles (Brasil) foram selecionados, estavam prestes a ter o 5º maior PIB do mundo e agora estão em 74º. Você sabe o resto, tem sido uma luta por causa das questões financeiras e do apoio exigido de todos os níveis de governo”, ressaltou Coates, sem se dar conta que o PIB brasileiro é o 9º maior do planeta, segundo ranking do Banco Mundial atualizado no final de julho.

Segundo o vice-presidente do COI, houve falta de comunicação entre os diferentes entes governamentais e, se não fosse o apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes, os Jogos não teriam acontecido.

Coates também se disse desapontado com o descumprimento da promessa de que ingressos não vendidos seriam distribuídos para comunidades e crianças. “Queria que tivesse mais torcida, a gente achava que eles estavam distribuindo ingressos para pessoas pobres e crianças de escola, mas ainda não os vimos nos locais de competição, o que é uma decepção”, afirmou.


Diversas arenas dos Jogos têm ficado vazias, assim como foi observado em Londres 2012. Há ingressos – normalmente os mais caros – que não foram vendidos e muitas entradas dadas a patrocinadores que não são usadas.

Coates disse ainda que o COI está enfrentando problemas diários no Rio, citando o caso de um atleta do rúgbi da Nova Zelândia. “Tivemos um problema ruim com Sonny Bill Williams, que se machucou ontem e o motorista da ambulância não sabia onde era o hospital”, contou.

Apesar de tudo isso, ele afirma que o COI não se arrepende de trazer os jogos para a América do Sul pela primeira vez. “Estamos felizes com a decisão de levar os Jogos para a América do Sul. É importante espalhar os Jogos, mesmo que tenha sido um desafio maior do que esperávamos”, declarou Coates.

John Coates é o mesmo que, há dois anos, disse que os preparativos para os Jogos eram os “piores” que ele já havia visto. “Acho que a situação é pior do que em Atenas (em 2004). Até agora, os preparativos da capital grega haviam sido os piores que eu já vi”, afirmou na ocasião.

Ele disse que a situação era crítica e que o COI seria obrigado a tomar medidas “sem precedentes” para assegurar que a competição acontecesse.

Coates, que foi chefe do comitê organizador local da Olimpíada de Sydney, em 2000, logo voltou atrás. Dois dias depois, em nota, ele disse que acreditava que a cidade sediaria uma “excelente Olimpíada”. O esforço, aparentemente, fora uma estratégia interna do COI para reduzir o mal-estar com os organizadores locais.

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