Quando a Operação Greenfield, deflagrada nesta segunda-feira (5) pela Polícia Federal, alçou à mira João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, estava definido o que muitos chamam de golpe final contra a legenda que protagonizou o período mais corrupto da história brasileira.
Preso desde 15 de abril de 2015, João Vaccari foi condenado, no âmbito da Operação Lava-Jato, a 15 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de outros 9 anos por corrupção passiva.
Até agora, Vaccari vem mantendo um silêncio quase obsequioso, até porque sabe que uma eventual delação seria fatal para o partido, mas sua família o pressiona para negociar um acordo de colaboração premiada como forma de reduzir as penas. Com a Operação Greenfield, cresce a possibilidade de o ex-tesoureiro petista contar o que sabe sobre os esquemas de corrupção comandados pelo partido.
A PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Vaccari Neto, em São Paulo, o que deixou a cúpula do PT em alerta total, pois o “companheiro” é um arquivo ambulante. Além de ex-presidente da conturbada e falida Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo) e outra responsável pelas finanças da legenda, Vaccari é acusado de ter negociado a reforma no apartamento triplex em Guarujá, que a força-tarefa da Lava-Jato afirma ser de Lula. O custo da reforma executada pela OAS, segundo os investigadores, foi descontado de propina decorrente de contrato com a Petrobras.
Na CPI dos Fundos de Pensão, que tramitou na Câmara dos Deputados, as investigações apontaram que o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava-Jato, praticou tráfico de influência nos fundos de pensão com a ajuda explícita de Vaccari, que em nome do partido cobrava um percentual sobre cada negócio realizado.
O grande perigo é que nesta segunda-feira juiz Sérgio Moro decretou a prisão do empresário José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS por vários crimes, entre eles a tentativa de obstrução aos trabalhos da Justiça.
Com Léo Pinheiro, Vaccari e Youssef presos, não apenas aumenta a chance de uma devastadora delação premiada, mas dispara o risco de o Partido dos Trabalhadores ir pelos ares. Afinal, o ex-presidente da OAS também é investigado na Greenfield, operação em que foi alvo de condução coercitiva.
Com a sensível piora da situação de Léo Pinheiro e o eventual aumento do período em que Vaccari passará atrás das grades, o PT entrou na fase da contagem regressiva. Considerando que a cúpula petista tem o péssimo hábito de abandonar os cúmplices, em breve o Brasil poderá ter surpresas.