Acusado de ser o mandante do assassinato de Celso Daniel, Sombra morre em SP vítima de câncer

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Sérgio Gomes da Silva, conhecido como “Sombra”, acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ser o mandante do assassinato de Celso Daniel (PT), ex-prefeito de Santo André, morreu nesta terça-feira (27). Internado no Hospital Monte Magno, na Zona Leste da capital paulista, Sombra lutava contra um câncer.

O empresário, que foi amigo e assessor de Celso Daniel, jamais admitiu envolvimento no polêmico caso, que começou com um esquema de corrupção e terminou em um brutal assassinato. Isso porque o dinheiro o então prefeito passou a discordar da destinação dada ao dinheiro da propina recolhida junto a empresários de ônibus da importante cidade do Grande ABC.

Em novembro de 2015, Sombra foi condenado a 15 anos, 6 meses e 19 dias de prisão, em regime fechado, acusado de comandar o esquema de cobrança de propinas.

O Supremo Tribunal Federal anulou a ação contra Sérgio Gomes porque o juiz do caso, em Itapecerica da Serra, cidade da Grande São Paulo, não permitiu que as defesas dos outros acusados de envolvimento no assassinato fizessem perguntas na fase de interrogatórios. Ele ficou preso preventivamente durante sete meses, até que o STF determinou a sua soltura.

Outros seis acusados foram condenados, após confessarem participação na morte de Celso Daniel. Enquanto avançavam as investigações sobre o assassinato, o Ministério Público deflagrou uma operação “pente fino” na administração de Daniel, quando descobriu os primeiros indícios do esquema de corrupção que funcionava na prefeitura de Santo André.


Inicialmente, o dinheiro da propina deveria alimentar o caixa da campanha de Lula à Presidência da República, em 2002, como de fato correu, mas no meio da roubalheira os recursos ilícitos foram destinados a outro fim, como, por exemplo, a aquisição de casas de veraneio em cidades aprazíveis no entorno da capital paulista.

Logo após o crime, o oftalmologista João Francisco Daniel, irmão de Celso Daniel, denunciou o suposto envolvimento do ex-ministro José Dirceu na arrecadação de valores ilícitos para abastecer o caixa do PT.

O assassinato de Celso Daniel, que contou com requintes de brutalidade e tortura (empalação), foi um crime comum praticado por políticos delinquentes, que como verdadeiros mafiosos eliminam aqueles que atrapalham seus planos.

Possivelmente um dos poucos jornalistas brasileiros que conhecem o caso a fundo, o editor do UCHO.INFO, que foi alvo de ameaças e outros meios de intimidação, afirmou certa feita que Sérgio Gomes da Silva não teve qualquer participação na morte de Celso Daniel, inclusive colocando-se à disposição para testemunhar a seu favor.

Em janeiro de 2004, com absoluta exclusividade, o UCHO.INFO divulgou os principais trechos das gravações de conversas telefônicas entre partícipes e coadjuvantes do escândalo de corrupção que acabou em morte.

O criminalista Roberto Podval, que defendia o empresário e confirmou sua morte, disse ter estado com o cliente há cerca de trinta dias. “O Sérgio estava feliz, apesar da doença, porque o Supremo anulou a ação contra ele. Uma coisa que o afligia muito era essa acusação de ter sido o mandante da morte do Celso Daniel. Ele nunca admitiu isso porque, de fato, não teve envolvimento no crime. Lembro-me bem daquela frase dele. ‘Podval, vou morrer inocente’. Ele estava feliz.”

Confira abaixo os principais trechos das gravações telefônicas do caso Celso Daniel, divulgadas à época com exclusividade pelo UCHO.INFO. Em uma delas, o ex-ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Ivone Santana tratam a morte de Celso Daniel com frieza.

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