Palocci nega à PF ser o “italiano” que aparece na lista de propinas; Moro pode prorrogar prisão

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Nesta quinta-feira (29), o ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil), preso na Operação Omertà (35ª fase da Operação Lava-Jato) e suspeito de coordenar o caixa de propinas da empreiteira Odebrecht em relação ao PT, prestou depoimento à Polícia Federal, em Curitiba.

Palocci negou ser o “italiano” que aparece nas planilhas do “propinoduto” operado pela empreiteira baiana, cujos executivos negociam acordo de delação premiada no âmbito da Lava-Jato. O ex-ministro também afirmou que “não recebeu qualquer vantagem indevida ou ilícita”.

No contraponto, a força-tarefa suspeita que o petista recebeu, em nome do partido, R$ 128 milhões em propinas pagas pela Odebrecht, decorrentes de contratos com a Petrobras. Além disso, Palocci atuava como uma espécie de lobista da empreiteira na seara do governo federal.

Apreendida pela PF em uma das fases da Lava-Jato, uma planilha do Departamento de Operações Estruturadas (criado pela Odebrecht para gerenciar as propinas) traz anotado o codinome “Italiano”. Os investigadores afirmam que o codinome é uma referência a Antonio Palocci. Responsável pela defesa do petista, o criminalista Roberto Batochio alegou que a força-tarefa “já atribuiu tal apelido a outros três indivíduos”.


“Descobrimos um e-mail em que Marcelo Odebrecht disse ‘estive com a Itália, ela saiu da reunião, demorou uns 15 minutos e ela voltou para a reunião’. Ora, Palocci não pode ser ela. Palocci é ele. De modo que, ‘Italiano’ ou ‘Itália’ não é sequer uma pessoa do sexo masculino”, afirmou o advogado.

“Quem falou ‘ela saiu e ela voltou’ não é a defesa, é Marcelo Odebrecht, por escrito neste e-mail.” Uma acusação, que segundo o defensor, “desmoronou”.

A estratégia de negar de forma veemente todas as acusações era esperada, até porque ninguém é obrigado a produzir provas contra si, mas ao mesmo tempo, no caso em questão, é temerária, pois os investigadores têm informações e provas de sobra sobre o envolvimento do ex-ministro no esquema criminoso, as quais embasaram o pedido de prisão do petista.

Em relação à questão gramatical levantada pelo advogado Roberto Batochio, o uso de “Itália” por Marcelo Odebrecht exigia um artigo feminino, mesmo que a pessoa ligada ao codinome fosse do gênero masculino.

Diante das negativas de Palocci e o cipoal de provas levantado pelos investigadores, não causará surpresa se o juiz Sérgio Moro prorrogar a prisão provisória do ex-ministro ou, então, transformá-la em preventiva (por tempo indeterminado).

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