Ao contrário do que afirmaram logo após a prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os advogados do deputado cassado já admitem a possibilidade de o peemedebista aderir à delação premiada, o que pode produzir um considerável estrago na política nacional.
Tão logo o processo de cassação do mandato de Cunha ganhou corpo, o UCHO.INFO afirmou que o então parlamentar, em caso de queda, sairia atirando para todos os lados e levaria junto pelo menos quarenta políticos. Afinal, Eduardo Cunha não apenas guardava informações detalhadas sobre os bastidores do poder, mas financiou dezenas de campanhas Brasil afora. A grande imprensa descartou, de chofre, tal possibilidade, mas agora, com a contratação de um especialista em delação, os veículos de comunicação mudaram de opinião.
Com a sinalização de eventual colaboração premiada por parte de Cunha, o governo de Michel temer sabe que dificilmente escapará do tiroteio, por isso vem trabalhando com pressa e afinco para aprovar as medidas econômicas no Congresso Nacional.
É difícil afirmar que Temer será alcançado diretamente com a delação de Cunha, mas não se deve descartar essa hipótese, pois o ex-presidente da Câmara dos Deputados é um poço de mágoas. Sabe-se, por enquanto, que pelo menos um integrante do chamado núcleo duro do governo está na alça de mira do ex-presidente da Câmara. Trata-se de Wellington Moreira Franco, secretário-executivo do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), que por conta dessa ameaça poderá ser nomeado ministro, status que garante o foro especial por prerrogativa de função, mais conhecido como foro privilegiado.
A prisão de Eduardo Cunha disseminou no Congresso um clima de preocupação jamais visto antes. Como o Petrolão beneficiou políticos de vários partidos, o temor diante da possibilidade de uma delação por parte de Cunha é compreensível. Mesmo assim, a Câmara dos Deputados prepara-se para a votação, em segundo turno, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita os gastos do governo e atrela o reajuste dos mesmos à inflação oficial do ano anterior.
Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse nesta segunda-feira (24), em São Paulo, que a prisão de Cunha é um fato triste, mas que a possibilidade de delação não atinge o Congresso e muito menos deve interferir na votação das medidas apresentadas pelo governo para destravar a economia.
Como sempre afirma o UCHO.INFO, Maia é um paraquedista que despencou na presidência da Câmara pelo fato de ser genro de Moreira Franco, homem de confiança de Temer. Uma eventual delação de Eduardo Cunha deixará os investidores internacionais em compasso de espera, já que, dependendo do que for revelado, o governo poderá ir pelos ares em questão de semanas. E ninguém investirá em um país marcado por crise política decorrente de escândalos de corrupção.