Presidente da República, o peemedebista Michel Temer não teve direito a “lua de mel” com a opinião pública, pois a grave crise econômica e a degradação moral do Estado impediram esse período de paciência e bom convívio. Temer disse que construiria uma “ponte para o futuro”, o que em meio à turbulência político-econômica exige tempo, mas a paciência do povo está no fim.
Qualquer medida no âmbito da economia demora, na melhor das hipóteses, pelo menos seis meses para vingar e produzir resultados, ou seja, o período de experiência do atual governo já acabou. Ou Temer deflagra uma operação para minimizar o caos que se abate sobre a população, ou seus adversários – aliados de outrora – continuarão valendo-se do status quo atual para ressurgir na cena política.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (30), no quarto trimestre de 2016 o desemprego no Brasil alcançou a incrível marca de 12%, o que representa 12,3 milhões de desocupados. Já a população ocupada somou 90,3 milhões de pessoas. Em relação ao trimestre anterior, esse número cresceu 0,5%, mas frente ao quarto trimestre de 2015, caiu 2,1%.
A situação torna-se ainda mais preocupante quando analisado o chamado “desemprego ampliado”. Segundo levantamento feito pelo banco Credit Suisse, com base em dados do terceiro trimestre de 2016, a taxa de desemprego ampliada do Brasil alcançou a marca de 21,2% – quase o dobro do índice oficial de desemprego, que no mesmo período alcançou 11,8%. Isso significa que aproximadamente 23 milhões de brasileiros estão desempregados ou subutilizados. Para piorar o que já é ruim, há os que não trabalham nem estudam, os chamados “nem, nem”, comprometendo sobremaneira o futuro do País.
O cenário aponta para um quadro de piora, pois as contas do governo continuam no vermelho. Em 2016, as contas federais fecharam com déficit de R$ 154,2 bilhões, pior resultado desde 1997. É fato que havia uma previsão autorizada pelo Congresso de déficit na casa de R$ 170 bilhões, mas o número final assusta.
O déficit nas contas do governo mostra que haverá dificuldade para novos investimentos, em especial no setor de infraestrutura, o que de chofre remete para o aumento do desemprego, quiçá para a manutenção do índice atual de desempregados.
Essa conjunção de números e levantamentos não deixa dúvida acerca da situação econômica do País, que acompanha assustada o encolhimento da inflação, fruto não das ações do governo, mas da retração contínua do consumo.
Na segunda-feira (30), o presidente Michel temer afirmou que neste ano é possível que a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fique abaixo do centro do plano de metas do governo, que é de 4,5%, mas isso é resultado de um coquetel explosivo que mistura desemprego em alta, redução do consumo, inadimplência elevada e perda do poder de compra do salário.
Quando o UCHO.INFO afirma que para recuperar o status econômico anterior à era petista o Brasil precisará de pelo menos cinco décadas de esforço continuado por parte da população, há quem acredita ser exagero.