Denúncias que preveem penas de mais de 40 anos a Cabral e Eike podem implodir a política em semanas

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Para quem imaginava que os escândalos políticos tinham chegado ao ápice e a Operação Lava-Jato e seus desdobramentos caminhavam para o final, uma decisão tomada pela Justiça Federal nesta sexta-feira (10) colocou mais combustível em uma fogueira de altas e flamejantes labaredas.

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou denúncia contra o empresário Eike Batista, o ex-governador Sérgio Cabral Filho e outras sete pessoas, no âmbito da Operação Eficiência, desdobramento da Operação Calicute, que por sua vez está vinculada à Lava-Jato. Entre os crimes que embasaram a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal estão corrupção e lavagem de dinheiro.

Sérgio Cabral, que comandou um esquema criminoso que desviou dos cofres fluminenses mais de US$ 100 milhões, agora é réu em mais um processo (terceiro), desta vez por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Somadas as penas previstas na legislação vigente, o ex-governador poderá ser condenado a cinquenta anos de prisão. Como no Brasil a lei não permite que o apenado passe mais de trinta anos atrás das grades, Cabral poderá retomar a liberdade em tempo mais curto, mas não tão cedo.

O empresário Eike Batista, o “Mister X”, que uma dia chegou a ser considerado o homem mais rico do País e frequentou a cobiçada lista da revista Forbes, tornou-se réu por corrupção ativa e lavagem de dinheiro (duas vezes). Caso seja considerado culpado pela Justiça somando-se as penas previstas em lei, Eike poderá ser condenado a 44 anos de prisão.

“Eike Batista tinha diversos interesses no Estado do Rio. Diversos atos dependiam da atuação do governo do Rio. Eike Batista não podia dar de presente US$ 16,5 milhões de presente para o ex-governador e o ex-governador não podia receber de presente US$ 16,5 milhões”, destacou o procurador federal Leonardo Freitas, coordenador da Lava-Jato no Rio.


Os investigadores citam mencionam as necessidades de licenças, desapropriações e outros atos de ofício do governo do Rio para viabilizar as obras dos portos do Açu e Itaguaí e a concessão do estádio do Maracanã.

Além do ex-governador e do ex-bilionário, são réus a advogada Adriana Ancelmo (ex-primeira-dama do RJ), Wilson Carlos, Carlos Emanuel Miranda, Flávio Godinho, Luiz Arthur Andrade Correia e os irmãos Renato e Marcelo Chebar.

Se até quinta-feira (9) os envolvidos no esquema comandado por Cabral Filho, incluindo o próprio, cogitavam a possibilidade de acordo de colaboração premiada, a partir da decisão do Marcelo Bretas, que aceitou as denúncias, a chance de isso acontecer aproximou-se de 100%. No melhor estilo castelo de cartas, bastará apenas que um dos réus principais réus (Cabral e Eike) decida revelar o que sabe Às autoridades. Tomando por base a declaração dada à imprensa no aeroporto de Nova York, horas antes de ser preso, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, Eike Batista assumirá a responsabilidade de puxar a fila.

Confirmando-se essa hipótese, que por enquanto é oficialmente negada pelos advogados dos réus, a política brasileira irá pelos ares em questão de semanas. Isso porque os casos de corrupção não limitaram-se às propinas pagas no âmbito do governo fluminense, mas alcançaram órgãos da administração federal, como, por exemplo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Sendo assim, Lula e Dilma Rousseff devem estar preparados para os efeitos colaterais da possível delação do “Mister X”, que pelo estilo de vida que levava até outro dia não tem vocação para passar o restante dos dias contemplando o despontar do astro-rei de forma geometricamente distinta, o famoso sol quadrado.

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