Oposição anuncia “mãe de todos os protestos” na Venezuela do ditador Nicolás Maduro

A Venezuela deve ser tomada por protestos pró e anti-Maduro nesta quarta-feira (19) em meio às medidas autoritárias do ditador venezuelano para abafar vozes dos opositores e se manter no poder apesar da profunda crise econômica e de abastecimento.

O presidente Nicolás Maduro convocou as Forças Armadas e as milícias para saírem às ruas de todo o país com o objetivo de defender a “revolução” bolivariana iniciada pelo antecessor Hugo Chávez e reprimir as manifestações dos que chama de “traidores da pátria”.

A oposição diz que organiza a “mãe de todos os protestos” para exigir a queda de Maduro depois de duas semanas de manifestações violentas, que resultaram em ao menos cinco mortes e dezenas de feridos.

Os protestos devem ter 26 pontos de concentração em Caracas e as marchas seguirão até o centro da capital. Autoridades alertaram que não permitirão o acesso o centro da cidade, onde está marcada uma marcha de apoiadores de Maduro.

“Caracas como um todo será tomada por forças revolucionárias”, disse o deputado chavista Diosdado Cabello, um dos principais aliados de Maduro. “A hora do combate chegou. Estamos num momento crucial para o futuro da nossa nação”, afirmou o presidente.

A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) condenou o envio de soldados e milicianos para as ruas de Caracas. “Não sabemos de nenhum outro caso semelhante na América Latina de um governo armando milícias urbanas”, afirmou o diretor para as Américas da HRW, José Miguel Vivanco. “São delinquentes, gangues que agem com total impunidade e intimidam os cidadãos”, acrescentou.


Condenação contra Maduro

Na terça-feira (18), a Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora, aprovou um acordo para apresentar uma denúncia junto ao Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Maduro para condenar a “repressão, perseguição, tortura e outras violações aos direitos humanos da população”.

Entre os delitos, os deputados mencionam ataques contra centros de saúde, “o que está proibido até em tempos de guerra” e “a perseguição de um grupo de pessoas justificada por motivos políticos”.

Além disso, asseguram que “o governo cometeu graves violações de direitos humanos para se sustentar no poder, tais como torturas físicas, psíquicas e morais contra militantes de partidos políticos para obter confissões forçadas”.

As ruas da Venezuela voltaram a ser cenário de violentos protestos no início de abril, com a polícia lançando balas de borracha, gás lacrimogêneo, jatos d’água e spray de pimenta contra manifestantes, que retrucam com pedras e coquetéis molotov. Estima-se que dezenas de pessoas ficaram feridas e mais de cem foram detidas.

Na segunda-feira (17), onze países, incluindo o Brasil, México e Chile, condenaram, em comunicado, as mortes de manifestantes e exigiram que as forças de segurança venezuelanas ajam com cautela.

O primeiro ato da mais recente onda de protestos foi pelo afastamento dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), dias depois de a Corte, dominada pelo chavismo, ter decidido assumir as competências do Parlamento, de maioria opositora.

A decisão alçou a crise política em Caracas a uma nova dimensão. O golpe institucional foi amplamente condenado internacionalmente e denunciado pela oposição como a confirmação de que o país, em grave crise econômica e com o governo Maduro acuado, estaria vivendo uma ditadura.

Sob pressão, o STJ acabou revogando a decisão de transferir para si os poderes legislativos dias depois, o que não foi suficiente para reverter a profunda queda na popularidade de Maduro. (Com agências internacionais)

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