Sempre debochado e especialista em utilizar a obediente massa de manobra a seu favor, o petista Luiz Inácio da Silva chegou ao prédio Justiça Federal, em Curitiba, cercado por seguranças e com o semblante de quem está tomado pelo nervosismo. Afinal, a situação do ex-presidente há muito não é das mais confortáveis, apesar de seu persistente bamboleio discursivo.
Ainda não se sabe se Lula, após o interrogatório do juiz Sérgio Moro, falará aos manifestantes de aluguel que o PT e a esquerda raivosa levaram à capital paranaense, mas é importante ressaltar que nada a essa altura dos acontecimentos aliviará a situação do ex-metalúrgico.
Ciente de que o cerco está a se fechar rapidamente, o que significa condenação em curto espaço de tempo, Lula tentou até o último instante suspender o interrogatório, assim como mais uma vez ousou impedir o juiz Sérgio Moro de continuar à frente da ação penal que tem como foco o polêmico apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista.
Após o ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negar nesta quarta-feira (10) os três pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa do petista, não restou saída que não seguir para o depoimento. Esse revés deixa claro que a defesa de Lula começou a tropeçar na própria soberba.
Lula, sempre recorrendo à mitomania, por certo declarou inocência e afirmou que o imóvel praiano não lhe pertence, uma vez que a escritura do mesmo não está em seu nome, mas não se pode ignorar que as investigações da Operação Lava-Jato sobre o caso focaram alguns crimes, entre os quais o de ocultação de patrimônio, algo típico de corruptos de elevada potência.
O ex-presidente, assim como qualquer cidadão brasileiro, não é obrigado a produzir prova contra si, o que garante o direito de mentir de forma acintosa, mas de igual modo é preciso lembrar que o empresário José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro e ex-presidente da OAS, está preso em Curitiba e já firmou acordo de colaboração premiada.
A OAS assumiu a obra do Edifício Solaris, em Guarujá, onde está localizado o apartamento reservado a Lula e reformado de acordo com as exigências da ex-primeira-dama Marisa Letícia (já falecida). A obra foi iniciada pela arruinada Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo), que foi presidida pelo “companheiro” João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e preso na Lava-Jato.
Na condição de delator, Léo Pinheiro comprometeu-se perante a força-tarefa da Lava-Jato a dizer somente a verdade e revelar fatos passiveis de comprovação. Considerando que o empresário depende da verdade para reconquistar a liberdade, mesmo que limitada e monitorada, a situação de Lula no caso do triplex não é das melhores.
A defesa do ex-presidente há muito aposta em chicanas jurídicas para tentar postergar ao máximo uma eventual condenação em primeira instância e, ato contínuo, na segunda também, com o claro objetivo de manter o cliente em condições de concorrer à Presidência em 2018.
Uma das estratégias dos advogados de Lula foi arrolar 87 testemunhas de defesa, o que deixa patente a intenção de prejudicar o ritmo da tramitação da ação penal. Contudo, a defesa foi surpreendida por uma decisão do juiz Sérgio Moro, que em apenas quatro dias ouvirá 31 testemunhas de Lula. Ou seja, uma eventual condenação do petista não tardará.