Fachin levanta sigilo de delação e dificulta situação de Gleisi, a ‘Amante’ da lista de propinas da Odebrecht

Piora com o passar do tempo a já difícil situação da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), ré por corrupção em processo da Operação Lava-Jato que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), acusada por vários delatores de ilícitos no âmbito do Petrolão e frequentadora da lista de propinas da Odebrecht sob o sugestivo codinome ‘Amante’.

Na noite da última terça-feira (16), o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, levantou o sigilo dos termos da delação de Fernando Migliaccio, então responsável pelo Departamento de Operações Estruturadas da empreiteira, também conhecido nos subterrâneos da corrupção como setor de propinas.

Migliaccio detalhou aos procuradores da República como o dinheiro sujo abasteceu o caixa eleitoral da senadora petista na disputa ao governo do Paraná, em 2014, informa Murilo Ramos, da revista Época. De acordo com Migliaccio, um montante de R$ 5 milhões foi repassado à campanha da parlamentar com autorização de Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba desde 19 de junho de 2015.


“Os pagamentos foram efetuados em espécie, em uma empresa de marketing de Curitiba”, afirmou. Fernando Migliaccio disse não se recordar do nome da empresa que recepcionou a propina, mas afirmou que a pessoa encarregada de intermediar a operação criminosa era um marqueteiro de nome Bruno. A referência pode ser a Bruno Martins Gonçalves, da empresa Sotaque, que trabalhou nas campanhas de Gleisi Helena.

A colaboração de Migliaccio foi firmada de forma isolada e não engrossa as delações dos 77 dirigentes e ex-executivos da Odebrecht, negociadas em conjunto com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Gleisi, que vem trabalhando intensamente para chegar à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, mostra nessa empreitada inglória e ousada a situação da legenda, que por estar mergulhada no lamaçal da Lava-Jato não tem um nome capaz de chegar ao posto sem qualquer mácula.

Segundo alguns observadores, movidos por considerável dose de humor negro, a vantagem de Gleisi Hoffmann em relação a outros envolvidos na Lava-Jato está no fato de ser curitibana, o que a livra das dificuldades decorrentes do rigoroso clima da capital do Paraná durante o inverno.

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