Incêndio florestal de grande proporção na região central de Portugal deixa mais de 60 mortos

(Paulo Cunha – EPA)

Pelo menos 61 pessoas morreram e 54 ficaram feridas no incêndio que atinge o município de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, cerca de 200 quilômetros a nordeste de Lisboa e a 50 quilômetros de Coimbra, segundo balanço oficial divulgado neste domingo (18) pelo secretário de Estado de Administração Interna de Portugal, João Gomes.

Gomes informou que 30 corpos foram encontrados nos seus veículos, em duas estradas de Leiria que ficaram cercadas pelo fogo. Outras 17 pessoas foram achadas em áreas próximas às estradas e dez mais na zona “rural” que rodeia estas estradas. Entre os 54 feridos, estão oito bombeiros. Cinco pessoas estão em estado grave, incluindo quatro bombeiros.

Os esforços durante a noite de sábado (17) se concentraram em evitar que o fogo se aproximasse das várias aldeias localizadas no entorno da tragédia, que não estão em situação de risco, assegurou o secretário de Estado.

Mais de 680 homens enviados das cidades de Setúbal, Coimbra e Lisboa trabalham para extinguir as chamas, com a ajuda de dois aviões da Espanha e três aviões oferecidos pela França.

Segundo as autoridades portuguesas, a tragédia começou na tarde de sábado, quando um pequeno incêndio, impulsionado por “ventos descontrolados”, converteu-se em um “evento impossível de controlar”, segundo João Gomes.


A polícia acredita que um raio pode ter causado o fogo. Contudo, especialistas em comportamento do fogo alertam que o local da queda do raio pode não ser o centro do incêndio. As condições climáticas foram preponderantes para a consumação da tragédia. Portugal vive uma inesperada onda de calor que ultrapassa os 40 graus centígrados.

Paulo Fernandes, engenheiro florestal e especialista em comportamento do fogo, disse ao jornal Correio da Manhã as condições meteorológicas registradas no sábado na zona de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos reuniram todas as condições para um incêndio repentino. Com muitas agravantes. Pelo menos 47 das mais de 60 vítimas ficaram encurraladas na Estrada Nacional 236, que liga Figueiró dos Vinhos a Castanheira de Pera. Caíram numa armadilha mortal, segundo Fernandes.

“A comprovar-se que o fogo foi causado por raios, esta situação é muito mais difícil de combater do que um fogo posto por ação humana. Porque no primeiro caso, o mais frequente é haver múltiplos pontos de ignição, com os raios a cair nos pontos mais altos das serras, que são os mais inacessíveis. No caso dos incêndios com causas humanas, é frequente que comecem perto de casas ou estradas, onde os acessos são melhores”.

Outro especialista em incêndios florestais, com atuação na área de investigação criminal, explica a vertigem das chamas: “A projeção de material incandescente é brutal. Uma folha de eucalipto, por exemplo, pode voar mais de dois quilômetros enquanto está a arder”, explica. Ou seja, o calor intenso e o vento fizeram com que o fogo se propagasse rapidamente a uma vasta área, criando perigoso núcleo de fogo e fumaça.

O governo de Portugal decretou três dias de luto nacional por causa da tragédia. Os chefes de governo da Espanha, Mariano Rajoy, e da Alemanha, Angela Merkel, telefonaram para o primeiro-ministro português, Antônio Costa, prestando solidariedade.

Fonte oficial do governo português disse à agência de notícias Lusa que António Costa tem recebido várias mensagens de solidariedade de outros chefes de governo e de líderes de instituições internacionais. (Com agências internacionais)

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