Palocci envia carta de desfiliação ao PT e deixa Lula mais próximo da prisão e de novas condenações

A situação de Luiz Inácio da Silva e do Partido dos Trabalhadores no âmbito da Operação Lava-Jato piora rapidamente e com o passar das horas. Enquanto Lula destila sua falsa inocência, delatores continuam promovendo estragos sem precedentes, os quais podem varrer o ex-metalúrgico e a legenda do mapa político nacional.

Após longos meses de silêncio quase obsequioso, período em que enviou mensagens cifradas a Lula e ao PT, o ex-ministro Antonio Palocci Filho decidiu contar o que sabe sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, e o envolvimento dos “companheiros” na ações criminosos que continuam indignando os brasileiros de bem.

Suspenso do partido por ter acusado Lula durante depoimento ao juiz Sérgio Moro, em 6 de setembro passado, Palocci enviou carta à presidente nacional do PT, senadora Gleisi Helena Hoffmann, oferecendo sua desfiliação. Ou seja, o ex-ministro da Fazenda está disposto a não apenas conseguir algum beneficio no âmbito da sua condenação, mas a mandar Lula e a “companheirada” pelos ares.

Na carta, Palocci afirma que defende um acordo de leniência do PT no âmbito da Lava-Jato, reitera que as declarações prestadas em depoimento ao juiz Sérgio Moro “são fatos absolutamente verdadeiros” e questiona se “somos partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”.

Além das contundentes críticas a Lula, o ex-ministro deu destaque às gestões petistas e atacou o modo com que o PT conduziu as decisões governamentais. “Alguém já disse que quando a luta pelo poder se sobrepõe à luta pelas ideias, a corrupção prevalece. Nada importava, nem mesmo o erro de eleger e reeleger um mau governo, que redobrou as apostas erradas, destruindo, uma a uma, cada conquista social e cada um dos avanços econômicos tão custosamente alcançados, sobrando poucas boas lembranças e desnudando toda uma rede de sustentação corrupta e alheia aos interesses do cidadão”, escreveu Palocci ao fazer referência à ex-presidente Dilma Rousseff.


Palocci ressaltou na carta em que pede sua desfiliação que o PT proporcionou ao País uma herança ruim. “Nós, que nascemos diferentes, que fizemos diferente, que sonhamos diferente, acabamos por legar ao país algo tão igual ao pior dos costumes políticos”, escreveu.

Antonio Palocci pode até acreditar que os petistas nasceram, fizeram e sonharam de forma diferente, mas o que se depreende das investigações da Lava-Jato e de outras operações da Polícia Federal é o que os “camaradas” são apenas e tão somente pessoas que usam o mandato eletivo como senha para o banditismo político.

Com começo, meio e fim, a carta em questão deixa claro que Palocci relatou a verdade, até porque, em razão dos cargos que ocupou na estrutura hierárquica do PT, o conteúdo do documento é de quem conhece a legenda em seus meandros e transgressões.

Tomando por base que Antonio Palocci avança em seu acordo de colaboração premiada, faltar com a verdade a essa altura dos acontecimentos seria uma operação suicida que por certo terminaria em longos anos atrás das grades.

O grande erro de Lula foi acreditar que seus comparsas na roubalheira sistêmica que devastou o Brasil ficariam calados, mesmo que presos, apenas para salvar alguém que acredita estar acima da lei e de todos. Palocci cansou e o discurso trapaceiro de Lula perdeu o prazo de validade. Em suma, Palocci colocou Lula ainda mais próximo da prisão.

apoio_04