O Ministério Público Federal em Brasília solicitou à Justiça o bloqueio de R$ 24 milhões do ex-presidente Lula e de seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva. De acordo com o pedido do MPF, devem ser bloqueados R$ 21,4 milhões de Lula e R$ 2,5 milhões de Luís Cláudio.
Réus em ação da Operação Zelotes, que investiga a edição de medida provisória (MP 627/2013) para favorecer montadoras do setor automotivo em troca de propina, Lula e o filho foram intimados a se manifestarem sobre o pedido dos procuradores da República. Parte da propina teria sido paga em contratos fictícios de prestação de serviços da empresa de Luís Cláudio ao escritório de um lobista do Grande ABC que atuou em nome das montadoras. A MP 627/13 foi editada no governo de Dilma Rousseff.
Lula é investigado na mesma ação penal por favorecimento ao grupo sueco Saab na compra de 36 caças Gripen NG pelo governo do Brasil, com o objetivo de reequipar a frota da Força Aérea Brasileira. O processo licitatório foi marcado por idas e vindas, principalmente porque o Gripen NG não passava de um projeto, sem qualquer protótipo que pudesse ser testado pela FAB.
Sobre a decisão do MPF, a defesa de Lula insiste na cantilena de “perseguição política” e afirma que o pedido de bloqueio de recursos “não tem qualquer base jurídica e materialidade”. Ou seja, para os caros advogados de Lula o Ministério Público desconhece a legislação vigente.
Como vem ocorrendo desde o momento em que o petista-mor tornou-se réu por corrupção e outros crimes correlatos, a defesa agora alega “Lula e Luis Claudio não tiveram qualquer participação da compra dos caças suecos, tampouco na sanção presidencial do artigo 100 da Medida Provisória 627/2013”.
Na ação penal em questão, que desde dezembro de 2016 tramita na 10ª Vara Federal de Brasília, sob a batuta do juiz Vallisney de Souza Oliveira, o ex-presidente da República é acusado de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Luís Cláudio responde pelos dois últimos crimes.
A força-tarefa da Operação Zelotes justifica que Lula ofereceu a lobistas do setor automobilístico a possibilidade de influenciar o governo Dilma a concluir o negócio com a Saab e viabilizar a MP em favor das montadoras. Em troca, alegam os investigadores, uma empresa de Luís Cláudio recebeu pagamentos de R$ 2,5 milhões do lobista Mauro Marcondes Machado, do escritório Marcondes e Mautoni, representante de empresas automotivas interessadas na MP, como o grupo Caoa (leia-se Hyundai).
A defesa do ex-presidente afirma que “Luis Claudio prestou os serviços de marketing esportivo contratados pela empresa Marcondes e Mautoni e tinha expertise na área”. Essa afirmação não é verdadeira, pois os investigadores constataram que o alegado serviço prestado por Luis Cláudio é uma cópia escandalosa de texto publicado na rede mundial de computadores.
Donos do escritório que fez lobby em favor das montadoras, Mauro Marcondes e Cristina Mautoni também tiveram o bloqueio de bens solicitados pelo MPF.
