Finalmente – talvez seja por enquanto – Luciano Huck anunciou a decisão de não concorrer à Presidência da República, frustrando a expectativa de alguns partidos que cortejavam o apresentador da TV Globo.
Com essa decisão, o Brasil se livra de um aventureiro, que, querendo ou não, tornar-se-ia refém da classe política caso fosse eleito. Mas Huck tem até abril para eventualmente mudar de ideia, o que não causará surpresa aos que acompanham o cotidiano da política nacional.
Por mais que muitos acreditem que uma eleição presidencial no Brasil pode ser vencida a partir das redes sociais, a chegada ao poder depende de outras variantes, em especial do tempo de televisão dos partidos políticos e das coligações. Sem isso, nenhum candidato consegue arrancar a vitória das urnas.
A eventual candidatura de Luciano Huck ressurgiu em cena após a confirmação, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), da condenação de Lula, sentenciado a doze anos e um ês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Um dos entusiastas da possível candidatura de Huck era o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que não escondeu sua disposição de mandar o PSDB pelos ares, apesar das suas insistentes e nada convincentes negativas.
Muitos foram os motivos que levaram Luciano Huck a desistir de concorrer à Presidência da República, mas prevaleceu a pressão da TV Globo, que já tem definida a grade de programação de 2018. E uma eventual candidatura de Huck obrigaria a emissora carioca a rever a programação e os contratos de publicidade, que a essa altura estão fechados até o final do ano. Além disso, a associação entre uma eventual campanha de Huck e a Globo desagradou a família Marinho e o staff da emissora.
Porém, o que de fato assustou Luciano Huck foi a amostra grátis do jogo bruto e rasteiro que domina a política nacional. Em pleno feriado de Carnaval, surgiu a informação de que o apresentador recorreu ao BNDES, em 2013, para comprar um jato executivo. O empréstimo foi concedido a Huck dentro da estrita legalidade, mas, como mencionado, o jogo da política não é para amadores e estreantes.