A delação premiada de Antonio Palocci Filho, preso no âmbito da Operação Lava-Jato desde setembro de 2016, não avançou anteriormente porque os procuradores da República que cuidam do escândalo de corrupção, em Curitiba, esperavam conseguir do ex-petista informações sobre dinheiro ilícito depositado em paraísos fiscais pelo PT ou a mando da legenda. Além disso, Palocci e os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato não chegaram a um acordo sobre o valor a ser devolvido aos cofres públicos.
Por conta desses dois detalhes, um acordo de colaboração premiada foi descartado, sendo retomado recentemente pela Polícia Federal, que já enviou os depoimentos à Justiça para a devida homologação. Esse movimento sugere que o ex-ministro da Fazenda pode ter repassado à PF informações sobre a porção internacional do caixa 2 do partido.
Caso Palocci tenha de fato revelado aos policiais federais detalhes dessas contas em paraísos fiscais, o Brasil estará a um passo de saber a verdade sobre os empréstimos concedidos ao PT pela Banco Rural, que fechou as portas após o julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão do PT).
A então presidente do banco, Kátia Rabello, foi condenada a 14 anos e 5 meses de prisão por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta de instituição financeira, mas desde junho de 2017 em “liberdade condicional”.
Os depoimentos de Palocci poderão desvendar o enigma dos empréstimos concedidos ao PT, pois nenhuma instituição financeira empresta dinheiro a um partido político sem garantia e apenas com o aval do presidente da legenda, à época José Genoino.
Desde a eclosão do escândalo do Mensalão do PT, o editor do UCHO.INFO alerta para o fato de que o partido teria se valido dos tais empréstimos para internalizar recursos financeiros depositados no exterior. Como o Banco Rural mantinha uma filial em paraíso fiscal, o dinheiro do caixa 2 petista foi transferido no exterior, sendo disponibilizado o equivalente em reais por meio dos tais empréstimos.
Até o UCHO.INFO noticiar o fato, o Rural não havia se preocupado em executar a dívida vencida. E só acionou a Justiça depois de pressão contínua deste portal, sem que a cobrança tivesse logrado êxito. Em outras palavras, as informações de Palocci, se aprofundadas, poderão esclarecer um mistério que até então estava esquecido, mas que a partir de agora começa a tirar o sono de muitos “companheiros”.
Talvez seja esse o motivo da preocupação descontrolada da cúpula petista, que por enquanto desconhece o conteúdo dos depoimentos de Antonio Palocci Filho, covardemente abandonado pelos “companheiros”. O ex-ministro enviou diversas mensagens cifradas ao PT, mas ninguém na legenda ousou estender-lhe a mão no momento de dificuldade. Como tudo na vida tem um preço, o PT está com medo da conta que se aproxima.
