Requião, que deixou o governo do PR sob denúncias de corrupção, “atesta” a honestidade de Gleisi

Em derivação do dito popular, na esquerda nacional o roto atesta a integridade do rasgado. Mesmo tendo deixado o governo do Paraná em meio a denúncias de corrupção jamais explicadas – seu irmão foi administrador dos portos paranaenses, a existência de um “criadouro” de dólares no armário de casa, o senador Roberto Requião (MDB) prefere não falar sobre esses espinhosos temas, mas esbanja disposição para atestar a honestidade da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima terça-feira (19), por corrupção e lavagem de dinheiro.

Seguindo uma linha que tornou-se comum na esquerda nativa a partir da divulgação de provas esmagadoras de corrupção contra Lula e seus conexos, Requião não contesta as acusações contra Gleisi, mas as atribui a uma reação às posições “progressistas” da senadora.

“Era de se esperar que suas posições históricas em defesa da soberania nacional, dos trabalhadores, do capital produtivo, das mulheres e das minorias provocassem as reações raivosas de parte da imprensa e de setores do Judiciário e do Ministério Público. E daquela banda da internet contaminada pela hidrofobia fascista”, disse Requião com sua costumeira e conhecida desfaçatez.


O diversionismo do emedebista prossegue insinuando que as denúncias, fartamente comprovadas, de que Gleisi embolsou R$ 1 milhão em propina são nebulosas injunções políticas.
O senador paranaense prossegue em sua enfadonha ladainha: “Caso alguém tivesse ainda algum fiapo de dúvida sobre a politização das denúncias do Ministério Público contra Gleisi, que faça um cotejamento das denúncias que foram retiradas contra outros senadores e as acusações mantidas contra a presidente do PT.”

A “pièce de résistance” desse bolodório foi a alegação abstrusa de que Gleisi não poderia ser culpada porque, quando criança, queria ser freira. É importante alertar Requião para o fato de que o Vaticano, sede da Igreja Católica, foi palco de um rumoroso escândalo de corrupção, que culminou com a morte do papa João Paulo I (Albino Luciani) e um atentado contra o sucessor, João Paulo II (Karol Józef Wojtyła). Ou seja, até os carolas convictos se rendem ao banditismo.

“De todas as senadoras e senadores que compõem esta Casa, a que mais conheço, com a qual tenho a mais longa convivência é a senadora Gleisi Hoffmann. Conheço Gleisi desde menina. A menina que, primeiro, queria ser freira para ajudar os pobres, mas que depois viu na militância política e na luta pela transformação da sociedade um espaço maior para a realização daqueles anseios adolescentes”.

Como sempre afirma o UCHO.INFO, a livre manifestação do pensamento é uma inquestionável garantia constitucional, o que garante a Requião o direito de acionar sua insana verborragia, mas o senador emedebista deveria deixar de lado esse ‘bom-mocismo” de aluguel e questionar Gleisi sobre a luciferiana decisão de guindar ao cargo de assessor especial da Casa Civil um pedófilo condenado a mais de cem anos de prisão.