O PT sempre foi um partido do faz de conta. Desde os seus primórdios fingiu ser o partido da ética na política, mas no poder central produziu os governos mais corruptos da história.
Com Lula preso e inelegível com base na Lei da Ficha Limpa, o partido continua fingindo que o petista-mor – e ninguém mais – é o candidato do partido à Presidência da República. O PT insiste em fingir, mas não leva essa vocação ao fingimento até o suicídio político. Anunciou Lula como candidato a presidente e indicou o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad para a vaga de vice, mas deixou Manuela D’Ávila, do PCdoB, como possível vice, já considerando um provável (na realidade é provável) impedimento legal de Lula.
Em suma, Haddad, que fez uma desastrosa administração na cidade de São Paulo, e foi derrotado no primeiro turno na tentativa de reeleição, será o candidato a presidente do PT. Manuela D’Ávila, de uma sigla satélite do PT e irrelevante em termos eleitorais, deve ser ungida ao posto de candidata a vice.
A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) diz que a decisão, que todos já conheciam, foi uma espécie de parto da montanha: “Depois de um negociação que durou o dia inteiro dentro da própria Executiva do PT e com o PCdoB, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, anunciou a indicação de Haddad como vice de Lula neste momento, mas indicou que Manuela ocupará o posto futuramente, na primeira admissão, ainda que velada, de que Lula pode ter sua candidatura impugnada”, destaca o portal 247, porta-voz do petismo.
Ainda segundo o portal, a decisão, segundo Gleisi, nas reuniões com o PCdoB, entre idas e vindas, os partidos definiram uma “tática eleitoral que assegure a manifestação do presidente Lula como candidato”.
“Quero reiterar que vamos com Lula até as últimas consequências, mas discutimos uma estratégia até a regularização da situação eleitoral do presidente, que é que a vocalização da sua campanha seria feita através de um companheiro do PT pela proximidade com o presidente e da identificação com o PT”, disse Gleisi em pronunciamento no início da madrugada desta segunda-feira (6).
“Decidimos ambas direções colocar nesse momento como candidato a vice o companheiro Fernando Haddad para fazer a representação do presidente Lula durante esse processo até tão logo se estabilize juridicamente a situação”, acrescentou.
A fala de Gleisi, admite o 247, foi o ponto mais próximo que o PT conseguiu chegar para admitir publicamente que Lula não será candidato, já que deve ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. O PT queria levar a farsa da candidatura de Lula até as últimas consequências, apostando na sua capacidade de transferência de voto, mas acabou recuando por medo de provocar um desastre.
Foi nesse exato ponto que entrou a milionária defesa do ex-presidente. Os advogados alertaram que não indicar um vice, no caso Haddad, poderia, dependendo do juiz eleitoral que avaliasse o caso, inviabilizar o registro da chapa do PT como um todo, já que a interpretação do Tribunal Superior Eleitoral este ano é de que todas as coligações e candidatos precisam constar das atas das convenções a serem apresentadas até esta segunda-feira. O medo mudou a estratégia do partido.
Diante de tal cenário, o PT passou a tentar convencer o PCdoB a aceitar um acordo sem promessa concreta, porque, na visão de uma fonte, qualquer conjectura maior seria admitir que Lula não seria candidato. Os comunistas, no entanto, endureceram a conversa e chegaram a anunciar durante a tarde do domingo (5) um nome para compor a chapa liderada por de Manuela D’Ávila, o sindicalista Adilson Araújo, relata o 247.