(*) Carlos Brickmann
Parafraseando Abraham Lincoln, é melhor ficar quieto e deixar que pensem que você talvez tenha errado do que mexer-se e tirar a dúvida.
* O problema era com um assessor, sem que Flávio Bolsonaro estivesse em jogo. Agora, ao recorrer ao privilégio de foro, Flávio está no jogo. Pior: levou o jogo para dentro do Governo e criou problemas para Bolsonaro. Este caso, propriamente dito, e a questão Sérgio Moro. Se Moro se cala, perde força e capital político. Se esperneia, ou sai, quem perde é Bolsonaro.
* Tanto Flávio Bolsonaro quanto o Ministério Público do Rio dizem que ele não é investigado. Mas Flávio disse ao Supremo que a investigação (a que não existe) violaria sua prerrogativa de foro. Luiz Fux matou no peito.
* A questão fica para o relator, ministro Marco Aurélio, resolver. Ele disse a Andréia Saddi, da Globo, que tem negado petições assim.
* Este colunista é do tempo em que juiz não antecipava decisões.
* Disseram que os deputados eleitos do PSL erraram ao ir à China. Não poderiam ter a viagem paga por um Governo estrangeiro nem elogiar um produto chinês que querem que o Brasil importe.
Coisas sem muito fôlego. Mas afirmar que a China é comunista light, ditadura, só que boazinha, é meio muito. Light? Boazinha? Só porque os convidou e pagou tudo?
* O sistema de identificação da China deve ser ótimo. Imagine, é capaz de identificar um chinês no meio de multidões de chineses!
A chave…
Bolsonaro tem problemas, mas dispõe de bons trunfos, Moro e Guedes. Se ambos tiverem êxito, outros ministros podem até passar o tempo brigando entre si que o Governo surfará na onda da luta anticorrupção e da economia em ordem. Se Moro não der certo, por algum motivo, mas a economia estiver bem, as coisas andam – não tão boas, mas andam.
A primeira grande chance de Bolsonaro se mostrar ao mundo é o Fórum Econômico de Davos, Suíça, a partir de amanhã, com a elite econômica mundial. Bolsonaro abre os trabalhos e tem longos 30 minutos para falar.
…o tempo
Se convencer governantes e empresários de que tem bons planos e força para implementá-los, Bolsonaro cresce. O tempo que lhe dão e a honra de abrir os trabalhos indicam boa vontade. Mas nem sempre o tempo é aliado. Um discurso ralo indicará ao mundo um líder de pouca consistência, que vai demorar para conseguir ser levado a sério. Este é hoje o trabalho de Paulo Guedes: montar um discurso forte, com ideias bem trabalhadas.
As armas e os cidadãos
Pesquisa da Toluna, multinacional que busca e fornece informações sobre desejos do consumidor, mostra que a maioria da população (54%) não acredita que facilitar a posse de armas de fogo a deixe mais segura. Creem na eficiência do decreto 39% da população. Para 61%, a medida aumentará a violência no país; para 29%, irá reduzi-la.
Marabraz replica…
A Marabraz enviou-nos o seguinte texto: “Informamos que a notícia divulgada sobre uma possível fraude por parte dos sócios da Marabraz não é verdadeira e que as informações sobre o processo não procedem. As informações constantes de cadastros em sites públicos estão à disposição do público leitor. A empresa pede à mídia que cheque a veracidade das informações antes de publicá-las, como por exemplo: fazendo uma simples consulta no site do INPI, pode-se verificar que a marca Marabraz pertence à Marabraz Comercial Ltda desde 1986, sendo que foi veiculado um boato de que pertenceria a uma outra empresa, dentre outros erros da matéria. Como o processo corre em segredo de justiça, a empresa não pode dar nenhuma informação sobre o caso. A Marabraz possui um rígido compromisso com a legalidade de seus negócios e segue à disposição para eventuais esclarecimentos.”
… mas não é bem assim
A notícia da coluna é verdadeira: a IstoÉ Dinheiro tem a pauta, há advogados de prestígio na causa – Nelson Nery Jr. com os controladores da Marabraz; André Frossard dos Reis Albuquerque com o irmão que faz a denúncia; Lilia Frankenthal com a Átina. A nota nada diz sobre o processo.
O pedido da Marabraz (“A empresa pede à mídia que cheque a veracidade das informações antes de publicá-las, como por exemplo: fazendo uma simples consulta no site do INPI, pode-se verificar que a marca Marabraz pertence à Marabraz Comercial Ltda. desde 1986, sendo que foi veiculado um boato de que pertenceria a uma outra empresa, dentre outros erros da matéria”), já tinha sido atendido: pelo site do INPI, em 23 de dezembro de 2005 – quase 20 anos depois de 1986 – a marca Marabraz era da Átina. Hoje é da Marabraz Comercial.
Como ocorreu o retorno? Houve recompra? Quando? Por quanto? Essa questão é discutida no processo.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.