E o território brasileiro tem dimensões continentais, os problemas do País têm proporções idênticas. E, gostem ou não os governantes, as soluções para esses problemas passam obrigatoriamente pela educação.
A poucos dias de completar 100 dias, o governo de Jair Bolsonaro assiste calado a um espetáculo pífio e decadente no Ministério da Educação, sob o comando do colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, figura tosca que sem sucesso tenta pautar sua gestão pelas questões ideológicas.
Há muito balançando no cargo à sombra de demissões, recuos sucessivos e enfrentamentos de grupos internos, Vélez Rodríguez está com os dias contados, pois os generais palacianos exigiram a cabeça do ministro depois da polêmica envolvendo a defesa do golpe de 1964 e a proposta de revisão dos livros didáticos para mudar a história.
Ciente de que sua demissão é um caminho sem volta, Vélez tenta se agarrar ao cargo com investidas absurdas para agradar a ala mais radical do governo e da opinião pública. O que explica proposta de criação de escolas cívico-militares no Estado de São Paulo, sem consultar a Secretaria Estadual de Educação.
O presidente Jair Bolsonaro, a reboque de sua conhecida frouxidão, disse que não chamaria a atenção do ministro publicamente, mas anunciou que Vélez Rodríguez poderá ser demitido na próxima segunda-feira (8).
“Está bastante claro que não está dando certo. Ele é bacana e honesto, mas está faltando gestão, que é coisa importantíssima”, disse o presidente durante café da manhã, nesta sexta-feira (5), com jornalistas no Palácio do Planalto.
“Até segunda, vai ser resolvido, ninguém mais vai reclamar. Vélez é boa pessoa. Quem vai decidir sou eu. Segunda é o dia do fico ou não fico”, disse Bolsonaro.
O problema é que Bolsonaro poderá demitir Vélez não porque está convencido de que o Ministério da Educação transformou-se em misto de picadeiro com balburdia, mas porque pessoas estão a reclamar. Além disso, segundo o presidente, Vélez, se demitido, poderá ser reaproveitado em outra área do governo.
Resumindo, a primeira grande realização do governo Bolsonaro, depois de três meses, é o lançamento da demissão de ministro com direito a aviso prévio. Mesmo assim, há quem garanta que é preciso torcer para dar certo.