Desaprovação do presidente dispara, mas Bolsonaro continua agindo como misto de tirano e imperador

Disse certa feita o escritor e filósofo Ralph Waldo Emerson: “É impossível para um homem ser enganado por outra pessoa que não seja ele próprio”. A célebre frase do escritor norte-americano cai como fina luva sobre a realidade brasileira, já que parte da população local continua acreditando que o presidente Jair Bolsonaro é o salvador da pátria. A devoção obtusa dos seguidores de Bolsonaro é tamanha, que eles se recusam a enxergar a realidade como de fato é.

Caiu no lugar comum a alegação, em especial nas redes sociais, de que Bolsonaro é amado por todo o Brasil e que tem o apoio da população inteira. Cada um deixa-se enganar por decisão própria, mas não se pode fechar os olhos para o que vem ocorrendo em todos os quadrantes verde-louros.

Enquanto a patuleia bolsonarista aplaude os destampatórios do presidente, a aprovação de Bolsonaro e do seu governo despenca em velocidade contínua. O que eventualmente explica o fato de os apoiadores do presidente da República reagirem de forma colérica e descontrolada, como se a verdade não falasse por si.

Divulgada nesta segunda-feira (26), uma pesquisa de opinião contratada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e realizada pelo instituo MDA mostra que cresceu significativamente a desaprovação de Bolsonaro. De acordo com o levantamento, 53,7% desaprovam o desempenho do chefe do Executivo federal, contra 28,2% registrados em fevereiro. Naquele mês, 57,5% disseram aprovar o desempenho de Bolsonaro, mas agora esse índice caiu para 41%. Não quiseram ou não souberam responder 5,3% dos entrevistados.


Com relação ao desempenho do governo, o índice de reprovação aumentou 20 pontos percentuais. Em fevereiro passado, a avaliação negativa do governo era de 19% em fevereiro, mas agora, em agosto, está em 39,5% em agosto. No contraponto, a avaliação positiva recuou, passando de 38,9% em fevereiro para 29,4%. A avaliação regular é de 29,1%, sendo que 2% dos entrevistados não souberam responder.

Enquanto os apoiadores do presidente destilam afirmações que fogem à realidade dos fatos, a pesquisa CNT/MDA mostra que 39,1% dos entrevistados classificam o decreto sobre armas como a pior ação do governo ao longo dos últimos oito meses. Além disso, sete em cada dez pessoas (72,7%) ouvidas pelos entrevistadores disseram ser inadequada a indicação de Eduardo Bolsonaro para a Embaixada brasileira em Washington.

Se por um lado a pesquisa mostra o descontentamento crescente da opinião pública brasileira com o governo e com o presidente, por outro Bolsonaro continua jogando para a plateia como forma de fomentar ainda mais o discurso de ódio, o que de certa maneira garante sua permanência no cargo.

Vale ressaltar que a paciência do brasileiro está encolhendo diante das bizarrices de Jair Bolsonaro, que, tudo indica, acredita que sua eleição lhe deu o título de dono do Brasil, o que não é verdade.

O instituto de pesquisas MDA realizou 2.002 entrevistas, entre os dias 22 e 25 de agosto, em 137 municípios de 25 estados brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.