Ao recuar no caso da Embaixada brasileira nos EUA, Bolsonaro encontrou saída honrosa para o filho

Em julho passado, ao tentar justificar a decisão de indicar o filho Eduardo para a Embaixada do Brasil em Washington, o presidente Jair Bolsonaro não escondeu o desejo de implantar no País uma monarquia (sic). Em transmissão pela internet, Bolsonaro disse: “É filho meu, pretendo beneficiar, sim”.

Não contente com o absurdo que representou a própria fala, o presidente foi além e disparou: “Se eu puder dar o filé mignon para o meu filho, eu dou. Mas não tem nada a ver com filé mignon essa história aí. É, realmente, nós aprofundarmos um relacionamento com um país que é a maior potência econômica e militar do mundo”.

Como se o nepotismo fosse algo normal e aceitável, Jair Bolsonaro continua acreditando que sua prole é formada por versões melhoradas do folclórico Aladim, o gênio da lâmpada maravilhosa, quando na verdade não passam de figuras toscas e desprezíveis em termos intelectuais.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, disse na ocasião que estava preparado para assumir o comando da principal embaixada brasileira, pois, segundo ele, “fritou hambúrguer no frio do Maine”. Se trabalhar em uma lanchonete é a porta de entrada para a diplomacia, a cada esquina existem dezenas de embaixadores e cônsules.


Após um longo périplo percorrido pelo filho no Senado Federal, responsável pela aprovação de indicações feitas pela Presidência da República, Jair Bolsonaro acabou desistindo de mandar o filho para Washington, decisão que ajuda sobremaneira o País.

Ademais, não se pode confiar em um suposto embaixador, prestes a assumir posto de destaque na capital norte-americana, que desconhece as razões da queda de braços entre Estados Unidos e Cuba. É o que informa o jornalista Lauro Jardim, colunista de “O Globo”.

Ao preferir que o filho permaneça no Brasil e ajude a selar a paz no PSL, Bolsonaro faz um enorme favor aos brasileiros de bem, que não mais suportam a ópera bufa em que se transformou a disputa pela liderança da legenda na Câmara dos Deputados. Além disso, o presidente da República encontrou uma saída honrosa para o filho, que poderia ser alvo de um revés acachapante no Senado caso fosse mantida a indicação.

Não obstante, a suposta proximidade de Eduardo Bolsonaro com a família de Donald Trump, presidente dos EUA, não passa de delírio típico de Cinderela. Se o alegado convívio próximo com o clã dos Trump fosse verdade, Eduardo não teria sido alvo de vexame quando foi à capital norte-americana para explicar a crise ambiental brasileira, carregando a tiracolo o chanceler Ernesto Araújo, que aceitou o papel de despachante de luxo do Palácio do Planalto em questões internacionais.

Finalizando, vale lembrar que representações diplomáticas não podem ser usadas para presentear os descendentes de governantes que desrespeitam a democracia, a liberdade e alimenta-se na vala do ódio e do revanchismo ideológico. Em vez de insistir nas suas costumeiras estultices, Bolsonaro poderia acordar para a realidade e começar a governar.