Benjamin Netanyahu fracassa em nova tentativa de formar um governo em Israel

O primeiro-ministro interino de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou, na segunda-feira (21), ter comunicado ao presidente Reuven Rivlin que não conseguiu formar um novo governo para o país, após as eleições legislativas de setembro.

Com isso, seu maior rival nas urnas, o centrista Benny Gantz, terá a oportunidade de completar a difícil tarefa. Caso o político também não consiga formar um governo, o país poderá enfrentar uma terceira eleição geral no espaço de um ano. Netanyahu já havia fracassado em uma primeira tentativa de chegar a uma coalizão, depois de um primeiro escrutínio realizado em abril.

Rivlin confirmou que dará a Gantz, líder da aliança de centro Azul e Branco, um prazo de 28 dias para cumprir a missão de formar um governo.

Em discurso divulgado nas redes sociais, Netanyahu, que ocupa o cargo de premiê há dez anos, afirmou que trabalhou incansavelmente para formar o governo e culpou Gantz pelo fiasco.

“Nas últimas semanas, fiz todo o possível para levar Benny Gantz à mesa de negociações. Infelizmente, ele simplesmente se negou várias vezes”, afirmou o premiê interino.

O partido de Netanyahu, o conservador Likud, apresentou várias propostas à legenda de Gantz, Azul e Branco, mas todas tinham como condição que o general e ex-comandante do Estado-Maior de Israel – o mais votado no pleito de setembro – aceitasse dividir o poder com o atual premiê interino e todos os seus aliados: os partidos de direita e os ultrarreligiosos.

Desde então, a grande maioria dos analistas políticos locais apontava para a impossibilidade de que Gantz viesse a aceitar os termos de um Likud que havia assumido o compromisso de manter essa base aliada e que em alguns casos tem postura diametralmente oposta ao programa do Azul e Branco.


Bloqueio múltiplo

Recentemente, o Likud acusou o Azul e Branco de uma postura de bloqueio frente a um governo de unidade com uma divisão partilhada entre seus parceiros. Gantz, por outro lado, enfatizou que seu partido não faria parte de um governo “cujo presidente enfrenta uma acusação séria”.

Netanyahu está enfrentando acusações de suborno, fraude e abuso de confiança em três casos de corrupção. Após quatro dias de audiências sobre as alegações, o procurador-geral quer agora decidir sobre uma acusação até o final do ano.

Logo após a eleição, Netanyahu formou um bloco com os partidos religiosos e de direita. Ele insiste em incluí-los numa aliança governamental. No entanto, Gantz visa a uma grande coalizão secular.

Recém-chegado à política, Gantz terá a oportunidade de tentar formar o governo e se tornar o novo primeiro-ministro de Israel. Caso ele não consiga, Rivlin pode repassar a tarefa ao Knesset (Parlamento), que poderia propor e aprovar qualquer deputado que contasse com apoio suficiente. No entanto, o mais provável é que o país tenha uma nova eleição legislativa.

“O tempo para devaneios está acabando, e chegou a hora de agir. O Azul e Branco está decidido a formar um governo de união liberal liderado por Benny Gantz, em quem o povo de Israel votou há um mês”, disse o partido em comunicado.

Tanto o Azul e Branco quanto o Likud não têm cadeiras suficientes no Parlamento para governar ao lado de seus aliados naturais. A única opção viável seria um pacto entre os dois partidos. Rivlin sugeriu a alternância no poder entre as duas legendas, mas em nenhum momento elas estiveram perto de um acordo.

Todos os partidos representados no Knesset poderão nos próximos três dias fazer consultas junto ao presidente, para transmitir sua posição sobre um possível governo liderado por Gantz.

Será especialmente importante saber como se posicionará o líder da legenda direitista e laica Israel Nosso Lar, Avigdor Lieberman, que até agora reiterou a decisão de só apoiar um governo de união nacional.

Como tem oito cadeiras no Parlamento, o partido, se fechar um acordo com Gantz, representaria um grande impulso para que o general consiga formar uma coalizão – no entanto, ainda seria necessário ganhar o apoio dos partidos árabes, tradicionalmente excluídos de pactos de governo.

Essa é a maior acusação que Netanyahu faz a seu rival: que ele pretenda governar com o apoio da população árabe-israelense, que representa 20% da população, mas em termos políticos é geralmente isolada. (Com agências internacionais)