Para se transformar em um ditador de fato, Jair Bolsonaro precisa apenas levar a cabo o seu desejo enrustido de fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), engessar ainda mais a atividade cultural e iniciar o “plantio” de estátuas com a sua figura em praças do País. Afinal, o culto à própria personalidade já é algo notório e nauseante.
Depois de admitir publicamente que é um despreparado em vários temas, Bolsonaro, agora acreditando ser um dos herdeiros de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada maravilhosa, afirmou que sua participação na 74ª edição da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, foi responsável por recuperar a “confiança do mundo no Brasil”.
Anexo à postagem que fez no Twitter, o presidente publicou um trecho de aproximadamente cinco minutos de entrevista concedida TV Bandeirantes, por ocasião do discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, em 24 de setembro de 2018. Nesse trecho da entrevista, Bolsonaro ressalta a boa relação que tem com o agronegócio, que na verdade não passa de um “toma lá, dá cá”, pois os empresários do setor despejaram muito mais do que apoio na campanha do atual presidente da República.
Como se tivesse vindo à vida com o fio trocado, Bolsonaro afirmou na postagem que uma das medidas responsáveis por essa boa relação com o agronegócio é a decisão de acabar com a demarcação das terras indígenas, algo que vai na contramão do entendimento global.
Jair Bolsonaro é um populista de quinta que sequer pode ser chamado de neofascista, pois essa rotulação seria uma descomunal ofensa a Benito Mussolini. O mandatário brasileiro colecionou uma série de entreveros no cenário internacional, a começar pelas questões envolvendo a Amazônia, tema que o presidente abordou na ONU com ataques àqueles que defendem a floresta tropical como “patrimônio da humanidade”.
O discurso de Bolsonaro na ONU foi revanchista e ideológico e, direcionado para o público interno, serviu para levar ao delírio a massa ignara que o apoia como se fosse uma manada obediente e enfurecida. Afirmar que seu palavrório em Nova York encantou o planeta e mais uma clara demonstração de que Bolsonaro, além de incompetente, delira e não tem estofo para ocupar cargo de tamanha relevância.
Ademais, sobre a retomada da confiança dos investidores internacionais em relação ao Brasil, bom seria que Bolsonaro explicasse o fato de US$ 44,8 bilhões terem deixado o País em 2019, o maior valor da história. Em suma, Jair Bolsonaro é um aprendiz de tiranete que acredita ser dono do Brasil, ao mesmo tempo em que finge ser amante da democracia. Triste País!