Generais palacianos preparam pronunciamento farsesco de Bolsonaro sobre epidemia do novo coronavírus

 
O brasileiro que se prepare, já que uma nova farsa oficial está a caminho. E o portador da farsa, como sempre, será o presidente Jair Bolsonaro, que por orientação da assessoria palaciana, não por iniciativa própria, decidiu se pronunciar oficialmente, em cadeia nacional de rádio e televisão, a respeito da epidemia do novo coronavírus.

O generalato palaciano percebeu a necessidade de Bolsonaro se manifestar diante das notícias sobre o aumento de casos em todo o planeta, onde há mais de 100 mil infectados e 3,3 mil mortos pela Covid-19. A ideia dos assessores da Presidência é que Jair Bolsonaro, no pronunciamento, passe a mensagem de que o governo está preparado para enfrentar a crise e, dessa maneira, evitar pânico na população.

A pretensão do governo é levar ao ar ainda nesta sexta-feira (6) o pronunciamento de Bolsonaro, mas isso poderá não ocorrer devido por falta de tempo e por causa dos trâmites para convocar a rede nacional de rádio e televisão.

Diante dessa eventual impossibilidade, o governo trabalha com a alternativa de Bolsonaro, antes de embarcar para os Estados Unidos, no sábado, deixar o pronunciamento gravado para ser exibido no final de semana. Se esse plano também não vingar, o pronunciamento só acontecerá na próxima quarta-feira (11), quando o presidente já terá retornado dos EUA.

 
O que o núcleo duro do governo decidiu fazer é uma monumental inverdade, pois o sistema público de saúde não está preparado para atender casos de coronavírus. Como já relatamos, nas unidades hospitalares públicas o atendimento é pífio, quase se aproximando de um deboche institucionalizado para “cumprimento de tabela”.

Mesmo diante de relatos estarrecedores de pacientes que mantiveram contato com pessoas que viajaram à Itália e apresentam muitos dos sintomas da Covid-19, o Hospital São Paulo, na capital paulista, tratou com desdém um caso que no mínimo deveria ter sido enviado para exame. Os médicos que participaram do atendimento – mesclavam desconhecimento com soberba – se limitaram a afirmar, com base em aferição da temperatura do paciente, que se tratava de uma simples gripe e que não era motivo de preocupação.

O Estado brasileiro, no seu todo, esfola o contribuinte com carga tributária que pelo fato de não haver a contrapartida deve ser considerada criminosa, mas no momento em que o cidadão precisa de atendimento de urgência em unidade de saúde é recepcionado por profissionais que sequer se recordam do compromisso assumido por ocasião da graduação em medicina.

O Brasil é, ao mesmo tempo, o “paraíso do faz de conta” e “país da piada pronta”, mas aos cidadãos esse duplo e deprimente status pouco importa, já que ser enganado pelos governantes é algo tão comum, que tornou-se normal.

O ministro da Saúde, que deveria ter vergonha de estar à frente da pasta depois dos escândalos em que se envolveu em Mato Grosso do Sul, insiste em aparecer nas entrevistas coletivas sobre o panorama do novo coronavírus no Brasil como preposto de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada maravilhosa.