Os países membros da União Europeia decidiram nesta terça-feira (17), por unanimidade, proibir durante 30 dias a entrada de estrangeiros, ou seja, pessoas não pertencentes ao bloco econômico, como forma de tentar conter o avanço da pandemia do novo coronavírus e evitar o colapso do sistema público de saúde de cada nação. A medida foi anunciada pela primeira-ministra alemã, Angela Merkel.
“Com pequenas exceções”, esta proibição será aplicada durante 30 dias, anunciou Merkel durante coletiva de imprensa, após reunir-se, por meio de videoconferência, com os líderes dos países da UE.
O fechamento das fronteiras da União Europeia ocorre no momento em que o número de casos e de mortes pela Covid-19 é maior do que na China, epicentro da pandemia. De acordo com monitoramento da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, foram registradas 7.074 mortes pela Covid-19 em todo o planeta, sendo 3.217 ocorreram na China.
Há dias vem ocorrendo o endurecimento de medidas contra o novo coronavírus em alguns países europeus, mas o anúncio desta terça-feira, feito pela chanceler Angela Merkel, dá a medida da gravidade da situação. Na segunda-feira (16), o governo da Alemanha anunciou o fechamento das fronteiras com a França, a Suíça e a Áustria, para tentar conter o avanço do novo coronavírus, que continua a fazer estragos por ser um vírus desconhecido e de rápida propagação.
O presidente da França, Emmanuel Macron, estabeleceu regras duras para a circulação de pessoas em todo o país durante 15 dias, pelo menos, também como forma de enfrentar a propagação do novo coronavírus. Os franceses só poderão circular nas ruas no trajeto ao trabalho, ir ao supermercado e aos centros de saúde em caso de extrema necessidade. Reuniões familiares também estão entre os alvos das restrições.
“As reuniões de família e amigos não são possíveis, assim como encontrar amigos no parque deixa de ser possível”, disse Macron. “Vimos pessoas em parques, mercados lotados, restaurantes, bares que não estão seguindo as instruções. Você não está somente não se protegendo, mas não está protegendo os outros”, ressaltou.
Foco do maior número de casos na Europa, a Itália continua em isolamento, sendo que os cidadãos estão proibidos de deixar suas casas, exceto em casos de urgência. A Itália enfrenta um dilema, pois o sistema público de saúde poderá entrar em colapso dentro de alguns dias caso o avanço do novo coronavírus manter a velocidade atual.
Fronteiras brasileiras continuam abertas
O governo populista de Jair Bolsonaro decidiu, durante reunião na segunda-feira (16), contrariar os vizinhos Argentina e Colômbia e manter abertas as fronteiras do País. O fechamento das fronteiras é defendido por vários integrantes do governo, como os ministros da Saúde e da Justiça, mas Bolsonaro insiste e não autorizar a medida para manter o discurso boquirroto de que a pandemia do novo coronavírus é fruto de histeria.
Durante a reunião, ficou acertado que o Brasil adotará medidas para intensificar os protocolos de saúde, mas isso não passa de figura de retórica. Até porque, quem acompanha a realidade da pandemia do novo coronavírus no Brasil sabe que o número de casos é muito maior do que o anunciado pelo governo.
Apesar da decisão do Palácio do Planalto, Argentina, Chile e Colômbia anunciaram que fecharão suas fronteiras. Na segunda-feira, em mais uma demonstração de irresponsabilidade e deboche diante da pandemia, Bolsonaro não participou de videoconferência com chefes de Estado da região, sendo representado pelo chanceler Ernesto Araújo.