Governo ignora patacoadas de Bolsonaro e pede ao Congresso reconhecimento de calamidade pública

 
Em que pese o direito súcia bolsonarista de defender o indefensável, mas Jair Bolsonaro não tem condições de continuar como presidente da República. Mesmo que eleito dentro das regras, o que lhe dá o direito legítimo de estar na Presidência, Bolsonaro abusa do populismo ao recorrer a declarações absurdas e acintosas, típicas de ditadores populistas, para levar ao delírio seus apoiadores.

De personalidade fraca e desprovido de opiniões próprias, Jair Bolsonaro passou a acreditar, de uns tempos para cá, que é a versão tropical de seu homólogo norte-americano, o igualmente estúpido e fanfarrão Donald J. Trump. Até recentemente, Trump tratava com deboche e desdém a pandemia do novo coronavírus, mas foi obrigado a mudar o discurso – não se sabe se mudou de ideia – porque em jogo está seu plano de reeleição. Com mais 5 mil casos confirmados da Covid-19 e cem mortos pela doença, o presidente dos EUA passou a adotar um palavrório mais manso.

No Brasil, Bolsonaro, que também recorre ao populismo barato para frequentar o noticiário local, insiste em tratar a pandemia do novo coronavírus como fruto da histeria da imprensa e dos governos dos estados, como se ambos – jornalistas e governadores –tivessem combinado de matar milhares de pessoas ao redor do planeta apenas para promover uma fuzarca global.

A maluquice em torno do coronavírus só não é maior no escopo da direita xucra porque no topo da bizarrice está a teoria do terraplanismo, defendida fervorosamente por bolsonaristas, em especial pelos delirantes olavistas. Após desdenhar a mais não poder a pandemia, o que lhe proporcionou entrevistas bizarras em veículos de comunicação que se colocam em posição genuflexa diante do Palácio do Planalto, Bolsonaro agora recorre ao Congresso Nacional para decretar estado de calamidade pública.

 
Na noite desta terça-feira (17), o Palácio do Planalto informou que solicitará ao Parlamento reconhecimento do estado de calamidade pública, o que garante a ampliação dos gastos públicos no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Em nota, o governo justificou que a medida garantirá recursos para a “proteção da saúde e empregos dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecadação”. A medida terá efeito até 31 de dezembro de 2020.

O reconhecimento do estado de calamidade pública está previsto no artigo 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que libera a União de cumprir a meta fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), ficando livre de qualquer punição legal.

“O governo federal reafirma seu compromisso com as reformas estruturais necessárias para a transformação do Estado brasileiro, para manutenção do teto de gastos como âncora de um regime fiscal que assegure a confiança e os investimentos para recuperação de nossa dinâmica de crescimento sustentável”, informou o governo.

Ora, se a pandemia do novo coronavírus era inicialmente uma invencionice da mídia e, ato contínuo, passou à condição de fruto da histeria dos governadores, segundo o próprio presidente da República, não havia razão para o Palácio do Planalto adotar tal medida.

Para sorte dos brasileiros de bem, há no governo pessoas que ainda pensam e colocam a massa cinzenta a serviço da população. Se dependesse de um irresponsável que viola o isolamento sanitário imposto pelos médicos para participar de um protesto mixuruca, mesmo sabendo que dias antes manteve contato com pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus, o Brasil estaria perdido.