Populista e incompetente, Bolsonaro insiste em politizar a crise gerada pela epidemia do novo coronavírus

 
Jair Bolsonaro é incompetente, o Brasil já sabe. Jair Bolsonaro é populista, o planeta já sabe. Jair Bolsonaro é oportunista, os brasileiros estão percebendo isso no vácuo da crise do novo coronavírus. Assim que surgiu a confirmação do primeiro caso de coronavírus no País, o presidente da República passou a tratar a pandemia com desdém e deboche, como se a doença fosse uma invenção dos órgãos de imprensa. Sem opinião própria, Bolsonaro fez eco ao discurso irresponsável do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que foi obrigado a rever o palavrório diante do avanço da epidemia no território americano.

De volta ao Brasil após desnecessária viagem a Miami, que serviu apenas para “beijar” os pés do homologo norte-americano, Bolsonaro passou a atacar em nova frente, alegando que a crise do coronavírus ganhara impulso na esteira da histeria dos governadores. Como o presidente da República não tomou qualquer providência para recuperar a economia, assim como o ministro Paulo Guedes, a iminência de nova débâcle econômica exigiu de Bolsonaro mais um espetáculo típico de parlapatão.

Com o avanço o novo coronavírus, a inoperância do governo federal na adoção de medidas para frear a contaminação comunitária e o malabarismo discursivo do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que mascara a realidade sem qualquer sinal de preocupação, coube aos governadores e prefeitos de grandes cidades tomar as rédeas da situação.

Na manhã desta sexta-feira (20), Bolsonaro, ao deixar o Palácio da Alvorada, disse que os governadores estão adotando medidas restritivas que não lhes competem, como, por exemplo, o fechamento de estradas, shopping centers, estabelecimentos comerciais e interrupção de meios de transportes. O presidente alega que com a paralisia da economia em razão das medidas adotadas por governadores e prefeitos muitas pessoas morrerão de fome. O ataque tem como alvo principal os governadores de São Paulo, João Dória Júnior, e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

 
“Vai faltar alimento para eles. Da nossa parte, estamos criando um voucher, de R$ 200. É pequeno, mas é o que podemos fazer. Vocês estão levando como se eu estivesse despreocupado, mas não podemos levar para o extremismo”, disse o presidente.

Bolsonaro deveria ter se preocupado com os mais pobres antes do surgimento do novo coronavírus, pois, não custa lembrar, o presidente, enquanto candidato ao Palácio do Planalto, disse ao final de um dos debates entre presidenciáveis que era o único postulante ao cargo com condições de resolver os problemas do País. Passados quinze meses da posse, o governo nada fez, a não ser adotar medidas populistas para agradar a horda de apoiadores do presidente.

Em vez de tentar salvar seu projeto de reeleição, o que faz de forma desesperada atacando as medidas adotadas por governadores que são potenciais adversários na eleição de 2022, Jair Bolsonaro poderia ter um momento de lucidez e se apresentar à opinião pública como um líder nacional, algo que não fez desde que chegou ao Palácio do Planalto.

Ultrapassa as raias da delinquência faturar politicamente em meio a um cenário de caos, como o que vivemos em função do avanço do novo coronavírus. E isso vale para todos os políticos e governantes que tomarem decisões no escopo da Covid-19 com intenções terceiras. Bolsonaro poderia fazer um enorme favor ao País e à sociedade e pedir para sair, pois o Brasil está fadado ao fracasso caso ele continue na Presidência, destilando sandices e fermentando o radicalismo e a cizânia da população.