Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (6) no Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, como acontece diariamente desde o início da crise do novo coronavírus, o governador João Dória Júnior (PSDB) anunciou a prorrogação por mais 15 dias da quarentena em todo o estado de São Paulo.
Em um discurso com inominadas provocações políticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro, o governador paulista citou algumas autoridades do governo federal favoráveis ao isolamento social.
“No Brasil defendem isolamento o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, o vice-presidente Hamilton Mourão”, disse Doria.
“Será que todos eles estão errados? Será que a ciência mundial está errada? Será que um único presidente da República no mundo é o certo? É quem detém o poder, a ciência, para discordar do mundo?”, provocou o governador.
Durante a entrevista, João Dória afirmou que guardas civis e a Polícia Militar Doria agirão para dissipar aglomerações em todo o estado, caso seja necessário. “Prefeitas e prefeitos que estão nos assistindo aqui, vocês terão o dever a obrigação de seguirem nas suas cidades a orientação do governo do estado de SP”, disse Dória.
“Devem exercer também ao lado da Polícia Militar o poder de polícia se houver desobediência de qualquer natureza. Nenhuma aglomeração de nenhuma espécie em nenhuma cidade ou área será permitida. As guardas deverão agir e se necessário recorrer à Polícia Militar para que possa haver a dissipação de qualquer movimento ou aglomeração”, declarou.
O período de quarentena foi prorrogado até 22 de abril. Para embasar as decisões, Doria convocou ao Palácio dos Bandeirantes médicos e especialistas para embasar a decisão do governo com depoimentos pontuais.
“Se não houvesse nenhum tipo de medida, teríamos 277 mil mortos. Com as medidas vamos reduzir em 166 mil mortes”, disse Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, sobre um cenário para 180 dias.
Na saúde, permanecem abertos hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas. No segmento de alimentação: supermercados, padarias e açougues. No caso das padarias, esses estabelecimentos estão autorizados a vender produtos fabricados previamente, mas não os preparados a pedido do cliente, como refeições, por exemplo.
Permanecem abertos também: transportadoras, postos de combustíveis, oficinas mecânicas, transporte público, táxis, aplicativos de transporte, empresas de “call center”, pet shop, bancas de jornais e revistas, bancos e casas lotéricas.