Injustificáveis, os ataques covardes e rasteiros de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) têm uma explicação: o temor do presidente que o inquérito das “fake news” avance e coloque à beira do precipício a chapa que formou com Hamilton Mourão. Isso porque no Tribunal Superior Eleitoral tramitam processos que pedem a cassação da chapa em função de distribuição em massa de notícias falsas. Como o inquérito sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes já identificou os responsáveis pelo financiamento dessa máquina criminosa de propagação de notícias inverídicas, Bolsonaro agora tenta intimidar o Supremo na esperança de que o caso fique para as calendas.
A preocupação do presidente em relação ao tema é tamanha, que até mesmo o procurador-geral da República, Augusto Aras, entrou no circuito e solicitou ao STF a suspensão do inquérito, que ele próprio endossou em outubro de 2019.
O pedido de aras ao Supremo foi sorteado eletronicamente para o ministro Luiz Edson Fachin, que preferiu submeter a decisão ao plenário da Corte. Os inconformados com a investigação, entre eles os filhos de Bolsonaro, afirmam ser o inquérito inconstitucional pelo fato de não ter sido instaurado a pedido da PGR, mas é preciso lembrar que o Regimento Interno do STF permite que esse procedimento por ofício, Foi o que fez o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, que por sua vez escolheu Alexandre de Moraes como relator.
Se Aras mudou de opinião em relação ao temido inquérito, muitos ministros do Supremo estão aparentemente coesos em relação à investigação, que tem como objetivo apurar a disseminação de notícias falsas e ameaças aos magistrados e a seus familiares.
Bolsonaro deve se preparar para o pior, pois mesmo o ministro Dias Toffoli ainda não tendo definido uma data para o julgamento da ação que questiona a legalidade do inquérito, a maioria dos integrantes da Suprema Corte são favoráveis à continuidade do inquérito. Em conversas por videoconferência, pelo menos sete dos ministros do STF já afirmaram que são a favor do avanço do inquérito. Ou seja, confirmado esse placar prévio e oficioso, já há decisão contrária aos interesses do presidente da República e de dois dos seus filhos – Carlos e Eduardo.
Diante desse cenário, o brasileiro deve esperar um acirramento da crise institucional que chacoalha o País em meio à pandemia do coronavírus, assunto que o presidente Jair Bolsonaro sequer aborda em suas manifestações toscas e desnecessárias. Em outras palavras, Bolsonaro continuará atacando os Poderes constituídos, já que cresce a chance de cassação da sua chapa à medida que o inquérito do STF avança.