Pesquisa sobre aprovação do Congresso e do STF mostra que o brasileiro ignora a democracia por completo

 
O brasileiro é preguiçoso politicamente. É o que há muito tempo afirma o UCHO.INFO. Talvez essa letargia diante da política tenha explicação na obsessão do brasileiro pela chamada “coisa pronta” ou fruto de uma ignorância devastadora que convive pacificamente com a pobreza. Mudar esse quadro de penúria em termos de cidadania não é tarefa fácil, mas é importante insistir até que a mudança começa a acontecer, mesmo que a passos lentos.

Na última semana, uma pesquisa do instituto Datafolha revelou que a aprovação do presidente Jair Bolsonaro saltou de 32%, no levantamento anterior, para 37%. Já o índice de reprovação recuou de 44% para 34%. Esse quadro de melhora nas pesquisas de opinião é, como afirmamos em matéria anterior, decorrente do auxílio emergencial e do estilo ‘paz e amor” adotado pelo presidente.

Beira a estultice imaginar que Bolsonaro fez algo concreto e positivo para merecer essa melhora na avaliação, mas o simples fato de colocar nas mãos de dezenas de milhões de cidadãos R$ 600 mensais foi suficiente para garantir a mudança.

Vivendo uma “lua de mel” com parte do eleitorado esquerdista do Nordeste, antes reduto do PT e legendas alinhadas ideologicamente, o presidente da República não pensa em abandonar tão o pagamento do auxílio emergencial, algo que contraria os planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, que cada vez mais se aproxima do cadafalso da demissão.

Quem desconhece as mais básicas noções de economia não consegue compreender que o fim do auxílio emergencial trará um preocupante aprofundamento da crise econômica, o que pode levar Bolsonaro voltar a enfrentar a maledicência do brasileiro. De igual modo, quem passa ao largo das questões econômicas não consegue identificar o enorme perigo que representa a manutenção do auxílio, decisão que, se tomada, aumentará o déficit fiscal do País e levará o governo a estourar o teto de gastos.

O quadro descrito até aqui mostra que o governo federal nada fez em termos práticos para melhorar minimamente a vida do cidadão, tirando aos poucos da carestia fruto de uma crise econômica que se arrasta há muito tempo. O Estado tem responsabilidades com o cidadão, a começar pela transferência de recursos em momentos de grave crise, como a provocada pela pandemia de Covid-19, mas é importante que cada brasileiro cobre atitudes coerentes e marcadas pela competência por parte dos governantes.

Há exatos três anos, mais precisamente em 26 de agosto de 2017, Bolsonaro, durante vista à cidade de Barretos, no interior paulista, Bolsonaro criticou duramente o programa Bolsa Família, que agora ele pretende aumentar e transformar no Renda Brasil.

 
Matérias relacionadas
. Estilo “paz e amor” e auxílio emergencial rendem a Bolsonaro a melhor avaliação desde o início do governo
. Entre as “rachadinhas” de Flávio e os funcionários fantasmas de Carluxo, aprovação de Bolsonaro cresce

Na ocasião, o então deputado federal afirmou: “Não vai ser com caridade que o Brasil vai sair dessa situação crítica”. “Para ser candidato a presidente tem de falar que vai ampliar o Bolsa Família, então vote em outro candidato. Não vou partir para demagogia e agradar quem quer que seja para buscar voto”.

Diante dessa fala pretérita não é errado afirmar que Bolsonaro está a “fisgar” o eleitor pelo estômago, a exemplo do que disse há anos o petista Lula, quando tinha como adversário eleitoral o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ou seja, o populismo barato continua ditando o ritmo da política nacional.

Ademais, a pasmaceira que toma conta do brasileiro na seara política impede que esse cenário passe por necessárias mudanças. Prova disso está nos índices de aprovação do Congresso e do Judiciário, de acordo com pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, o Congresso é aprovado por 17% e reprovado por 37% – em maio, esses índices eram de 18% e 32%, respectivamente. Em relação ao STF, a aprovação da Corte variou de 30% para 27%, enquanto a reprovação subiu de 26% para 29%, dentro da margem de erro.

Causa espécie o fato de o auxílio emergencial ter funcionado como mola propulsora de Bolsonaro no terreno da aprovação popular, já que a proposta inicial do governo para o benefício era de R$ 200 mensais, valor majorado pelo Congresso para R$ 500, depois elevado a R$ 600 pelo presidente por não querer passar mais um vexame nacional. É sabido que muitos atos do Legislativo rendem dividendos ao Executivo, mas não se pode fechar os olhos para a realidade. No contraponto, o Parlamento está longe de ser uma reunião de monges, mas é preciso reconhecer que se não fossem os senadores e os deputados federais o governo ainda estaria na linha de largada.

No tocante ao STF, provoca estranheza a reprovação dos ministros da Corte, que nos últimos quase 20 meses agiram com firmeza e dentro da lei para defender a democracia e impedir o retorno do autoritarismo pelas mãos de Jair Bolsonaro, que insiste em flertar diuturnamente com o retrocesso e o obscurantismo. Apesar disso, os magistrados viram o índice de ótimo/bom recuar, ao passo que o de ruim/péssimo avançou.

Para piorar, o brasileiro sequer está considerando a devastadora inoperância do governo Bolsonaro, o fiasco em se transformou o combate à pandemia da Covid-19 e os muitos escândalos envolvendo os filhos do presidente, parentes, funcionários fantasmas e a movimentação de recursos em espécie.

Em suma, falar em democracia quando a opinião de 100 milhões de brasileiros tornou-se refém do auxílio emergencial configura covardia política. Isso mostra que a situação política do País é muito pior do imaginava a parcela pensante da sociedade.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.