O banqueiro Joseph Safra, dono do Banco Safra e de outros tantos negócios no mercado financeiro internacional e fora dele, morreu nesta quinta-feira (10), em São Paulo, aos 82 anos. De acordo com nota divulgada pela assessoria de imprensa do Banco Safra, ele morreu de causas naturais. “É com imenso pesar que comunicamos o falecimento, nesta data, do Sr. Joseph Safra, aos 82 anos, de causas naturais”, destaca o texto.
Considerado o homem mais rico do Brasil, de acordo com o último ranking de bilionários brasileiros da revista Forbes Brasil, Joseph Safra com uma fortuna estimada em R$ 119,08 bilhões.
Já no ranking feito pela agência Bloomberg, Safra aparece como segundo mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 17,6 bilhões (cerca de R$ 90 bilhões). Nessa lista, Jorge Paulo Lemann lidera a lista brasileira com US$ 23,7 bilhões (R$ 121 bi).
Seu José, como era chamado pelos mais próximos, nasceu em 1938 no Líbano e imigrou para o Brasil na década de 1960, para dar continuidade aos negócios de seu pai, Jacob (falecido anos depois), construindo os sólidos alicerces do Grupo Safra, mais conhecido no Brasil como Banco Safra.
Ele e o irmão, Moise, foram os responsáveis pela ascensão do grupo. Em 2006, Joseph assumiu o controle total dos negócios ao comprar a parcela de 50% de Moise, morto em 2014.
Joseph e Moise eram de tradicional família de banqueiros. Em meados do século 19, familiares de Jacob Safra fundaram em Aleppo, na Síria, o Safra Frères & Cie, que tinha como foco empréstimos e operações de câmbio e ouro. Em 1920, o patriarca abriu o Jacob Safra Maison de Banque, em Beirute, no Líbano.
Outro irmão, Edmond, Edmond, também atuava no mercado financeiro. Chegou a operar no Brasil, mas centralizou suas atividades em Nova York, onde fundou o Republic National Bank, vendido em 1999 para o HSBC por US$ 10,3 bilhões. Pouco tempo depois, Edmond morreu em incêndio provocado em sua casa, em Mônaco.
Mais conservador dos irmãos, Joseph Safra era visto como o banqueiro que só empresta dinheiro a quem não precisa. O que explica ter caído nas graças dos milionários e bilionários.
Casado com Vicky Sarfaty, ele teve 4 filhos e 14 netos. Apear de ser libanês de nascimento, Joseph Safra nunca escondeu o orgulho da cidadania brasileira e de torcer pelo Corinthians.
Joseph Safra também se dedicou à filantropia – foi um dos maiores doadores dos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês, em São Paulo. Apoiou associações beneficentes como a Fundação Dorina Nowill para Cegos, o GRAAC, a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (TUCCA), a Associação de Assistência à Criança Deficiente, a Apae e a Casa Hope. À Pinacoteca, doou esculturas de Rodin e ao Museu de Israel, em Jerusalém, o manuscrito original da Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Durante a pandemia de Covid-19, o Banco Safra doou cerca de R$ 40 milhões para hospitais e Santas Casas.
Lava-Jato
Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba arquivaram, em outubro de 2019, um inquérito que tramitava sob segredo de Justiça e que tinha na mira suposto crime financeiro cometido por funcionários do banco Safra.
O caso envolvia a concessão de empréstimo milionário, em 2012, para uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef, que já havia sido condenado no escândalo do Banestado. Como garantia do empréstimo, o doleiro deu ao Safra um hotel em ruínas localizado na cidade baiana de Porto Seguro. Youssef fez acordo de colaboração premiada no âmbito do caso do Banestado, com o então juiz Sérgio Moro, e concordou em deixar de operar no mercado de câmbio. O que não aconteceu.
No documento sigiloso, os procuradores da Lava-Jato concordam em encerrar o caso, ignorando as suspeitas que eles próprios levantaram contra o Banco Safra em troca de mensagens pelo aplicativo Telegram.
Outrora coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol chegou a afirmar em mensagens que, se o Banco Safra tivesse comunicado às autoridades sobre o empréstimo suspeito, a Lava-Jato, deflagrada em março de 2014, poderia ter começado dois anos antes.
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