O recuo do governo Bolsonaro em relação à Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan e que vinha sendo demonizada pelo presidente da República por questões político-ideológicas, se deve ao fato de que a Pfizer não conseguirá entregar ao Ministério da saúde imunizantes em quantidade suficiente para a largada do plano de vacinação. Diante do impasse, Jair Bolsonaro foi obrigado concordar com a compra da Coronavac, mesmo que isso possa impactar seu plano de reeleição.
Ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello mais uma vez mencionou um conjunto de fatores para afirmar, nesta quinta-feira (17), que o País poderá ter, em janeiro, 24,7 milhões de doses disponíveis de vacinas contra a Covid-19.
“Estamos falando de 500 mil doses da Pfizer em janeiro, 9 milhões de doses do Butantan em janeiro e 15 milhões (na verdade são 15,2 milhões de doses) da AstraZeneca em janeiro. A data exata é o mês de janeiro. Pode ser 18, 20 de janeiro. Mas se nós pudermos compreender que o processo vai nos dar a data (…) já nos dá um novo desenho. Isso tudo dependendo do registro da Anvisa”, disse Pazuello, destacando que trata-se de uma projeção condicionada à entrega das doses.
Enquanto Pazuello promete sem saber o que diz, o presidente da República continua tratando a pandemia do novo coronavírus com desdém e politizando cada vez mais a imunização contra a Covid-19. Até o momento, o governo federal não assinou um contrato de compra de vacinas, mas o ministro anuncia o impossível com base em cartas de intenção de aquisição de vacinas. É fato que qualquer imunizante depende de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas há uma enorme diferença entre a compra de fato e a intenção de comprar.
O amadorismo que grassa na cúpula do Ministério da Saúde é tamanho, que a pasta voltou a afirmar que por enquanto não há data definida para o início da vacinação. É importante lembrar que Pazuello, possivelmente pressionado pelo Palácio do Planalto, já afirmou que a vacinação poderia começar em dezembro, que caminha para o apagar das luzes, em janeiro ou março do próximo ano, mas depois de muitas idas e vidas disse que será em fevereiro. Mesmo assim, não há certeza de que o início da vacinação contra o novo coronavírus acontecerá em janeiro, como prometeu Pazuello.
Esse ziguezaguear na seara das vacinas tem servido para o governo de Jair Bolsonaro ganhar tempo para que os testes clínicos da vacina da Astrazeneca-Oxford-Fiocruz sejam concluídos, o que permitirá o registro do imunizante na Anvisa. A questão é meramente política, pois Bolsonaro sabe que João Dória Júnior (PSDB-SP) por enquanto é o vencedor da insana queda de braços no entorno da vacina.
Mas a sandice que embala o governo não chegou ao fim. Durante audiência no Senado, que teve o combate à pandemia como pauta, Pazuello ousou afirmar que o Brasil está na “vanguarda” do planejamento de vacinação.
O que o ministro da Saúde afirma não tem peso nem valor, por isso sua fala deve ser desconsiderada. Porém, ultrapassa as fronteiras do absurdo dizer que o Brasil está na vanguarda quando o assunto planejamento de vacinação. Até porque, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido já começaram a vacinação. Nesta quinta-feira, a União Europeia anunciou que os 27 países do bloco começarão a vacinar a população em 27 de dezembro.
“É preciso compreender que o está acontecendo lá fora no mundo, nós estamos na vanguarda. Não estamos atrasados, estamos na vanguarda. A autorização de uso emergencial da Pfizer americana, a primeira autorização foi na Inglaterra tem 15 dias. Não são três meses. A americana, como é o uso emergencial”, declarou Pazuello.
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