Popularidade de Bolsonaro despenca, aponta Datafolha; 42% dos brasileiros são a favor do impeachment

 
Diante do agravamento da pandemia de Covid-19 no País e do aumento das críticas à forma como o governo gerencia a crise sanitária, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro despencou, levando a reprovação do governo a ultrapassar a avaliação positiva, de acordo com pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta sexta-feira (22).

O levantamento mostrou que 40% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, aumento de oito pontos percentuais em relação à pesquisa realizada em dezembro de 2020. A atual rejeição é ainda quatro pontos percentuais menor do que o patamar registrado em junho de 2020, quando o índice de reprovação atingiu seu maior nível desde o início do governo.

Já a aprovação do presidente caiu dos 37% registrados em agosto e em dezembro do ano passado para 31% agora, maior queda nominal desde o início do governo. Além disso, 26% avaliam Bolsonaro como regular – eram 29% no final de 2020 e 27% em agosto.

A pesquisa ouviu 2.030 pessoas por telefone nos dias 20 e 21 de janeiro em todo o País. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Bolsonaro é o segundo presidente com a pior avaliação desde a redemocratização de 1985, quando considerados os eleitos pelas urnas e que cumprem seu primeiro mandato. Ele só ganha de Fernando Collor (1990-1992), que era rejeitado por 48% do eleitorado e aprovado por apenas 15% na mesma altura do mandato, em fevereiro de 1992.

As avaliações dos antecessores de Bolsonaro no mesmo momento de seus primeiros governos eram bem superiores: Fernando Henrique Cardoso tinha 47% de aprovação, Luiz Inácio Lula da Silva, 45%, e Dilma Rousseff tinha 62%.

Maioria contra impeachment

Segundo dados da pesquisa Datafolha, a reprovação do presidente é mais forte entre aqueles que temem contrair o novo coronavírus. Já a aprovação é muito maior em grupos que adotaram a retórica bolsonarista sobre a pandemia.

Além disso, metade dos entrevistados afirmam que Bolsonaro não tem capacidade de governar. Ao serem questionados sobre o impeachment do presidente, 53% dos entrevistados rejeitam o processo e 42% são favoráveis.

 
O aumento da rejeição ao governo Bolsonaro ocorre no momento em que o país enfrenta um agravamento da pandemia e se vê na retaguarda da vacinação contra a Covid-19 devido à gestão do presidente.

O Brasil se aproxima da marca de 215 mil mortos por Covid-19 e já registrou mais de 8,69 milhões de infectados. As imagens do colapso do sistema de saúde de Manaus, provocado pela explosão de casos da doença e pela falta de oxigênio nos hospitais, chocaram o planeta. A falta de oxigênio medicinal provocou a morte de vários pacientes e obrigou a remoção de dezenas para outros estados.

A lenta reação do governo federal diante a informação de que a produção de oxigênio em Manaus não daria conta de suprir a demanda dos hospitais contribuiu para a crise.

Impasse na vacinação

A queda de popularidade do presidente ocorreu também após o desastroso início da campanha de vacinação no País. A imunização nacional começou com a Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan (aposta do governo paulista), já que a outra vacina aprovada – o imunizante criado pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca e a Universidade de Oxford, que têm parceria com a Fiocruz – só chegou ao Brasil nesta sexta-feira (2 milhões de doses importadas da Índia).

Ao longo de 2020, a Coronavac foi constantemente desprezada pelo presidente, que chegou a comemorar a morte de um voluntário na fase de testes – caso sem relação com os testes clínicos – e a suspensão temporária do estudo. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, afirmou à época o presidente.

Apesar de o governo indiano ter enviado as primeiras doses Covishield (AstraZeneca/Oxford) nesta quinta-feira, a continuidade do programa de imunização está ameaçada devido a um impasse com a China.

No gigante asiático estão parados, aguardando liberação do governo de Pequim, carregamentos do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da Coronavac, usado pelo Instituto Butantan para elaborar o imunizante em São Paulo, e o da vacina de Oxford/AstraZeneca, que será processada e distribuída pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

O atraso no envio dos IFAs pela China deve-se aos constantes e sórdidos ataques de Jair Bolsonaro aos chineses. Uma solução para esse impasse não será fácil e depende de determinadas ações que o Palácio do Planalto poderá não adotar. (Com agências de notícias)

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