A disputa pelas presidências da câmara dos Deputados e do Senado Federal mostra o perigo que ronda a democracia brasileira e, não sem antes escancarar a deterioração de alguns partidos políticos.
Em relação ao comando da Câmara dos Deputados, a vitória de Arthur Lira (Progressistas-AL) representa um enorme retrocesso em termos de independência da Casa legislativa, que sob a batuta de Rodrigo Maia conseguiu manter-se à distância do Palácio do Planalto, sem comprometer pautas de interesse do País e da sociedade.
Representante do chamado Centrão, Lira só se conquistou novo mandato de deputado federal graças a liminar concedida pela Justiça, já que como condenado em segunda instância não poderia concorrer a cargo eletivo, de acordo com o determina a Lei da Ficha Limpa.
O parlamentar alagoano fará as vontades do presidente Jair Bolsonaro desde que o balcão de negócios políticos que funciona no Congresso seja alargado sem cerimônia. Ou seja, a volúpia do Centrão terá de ser aplacada por Bolsonaro. Caso contrário, o melhor a fazer é tentar adivinhar quem cai primeiro: Lira ou Bolsonaro.
O presidente da República rechaçou a possibilidade de recriação de alguns ministérios, mas sem essa contrapartida a eleição de Arthur Lira não terá qualquer serventia ao governo. Mesmo antes de definida a eleição para a Mesa Diretora da Câmara, deputados do Centrão já negociam cargos, como, por exemplo, os ministérios da Saúde, Relações Exteriores e Indústria e Comércio (a ser recriado).
No Senado, a vitória de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) é dada como certa, mas é preciso lembrar que a votação é secreta e surpresas costumam acontecer no Congresso Nacional. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) acabou abandonada pelo próprio partido, fazendo com que os fisiologistas da legenda mudassem de lado.
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No Senado, o ainda presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), negociou com o Palácio do Planalto a liberação de verbas para alguns caciques políticos, o que acabou turbinando a candidatura de Pacheco. Como contrapartida, Alcolumbre continua alimentando a expectativa de ser chamado por Bolsonaro para comandar algum ministério, assunto que ainda não tem garantia.
Enquanto Davi Alcolumbre sai desse processo com o capital político em alta, o que não significa que esteja fazendo a coisa certa, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, terá seu poderio político esvaziado na esteira da candidatura de Balei Rossi (MDB-SP).
Nesse enxadrismo político que antecede a eleição para as Mesas Diretoras, causa espécie o posicionamento do Democratas, do PSDB e do PT. Presidente nacional do DEM, ACM Neto liberou a bancada para votar em qualquer dos candidatos, decisão acabou patrocinando uma debandada dos democratas da candidatura de Baleia Rosi para a de Arthur Lira. EM suma, uma legenda que supostamente defende a democracia votando em peso no candidato de um governo totalitarista e retrógrado.
Em relação ao PSDB, a cúpula da legenda adotou a mesma postura do Democratas e liberou, por enquanto, a bancada na Câmara e no Senado. Isso mostra que o tucanato entrou em processo de deterioração mais avançado, já que votar no candidato do Palácio do Planalto para a presidência da Câmara contraria de forma flagrante os conceitos da socialdemocracia.
No tocante ao Partido dos Trabalhadores, a situação é ainda pior, não sem antes ser ambígua. Derretendo de maneira contínua desde o escândalo do Petrolão, o PT decidiu atender a dois senhores e votará contra o candidato do governo na Câmara e a favor do escolhido por Bolsonaro no Senado.
Para piorar um quadro que não é dos melhores, no senado os partidos de esquerda decidiram votar em Rodrigo Pacheco, que, com o apoio de Alcolumbre, tornou-se o preferido do Palácio do Planalto
É importante que o brasileiro cada vez mais se interesse pelas questões políticas, pois o cenário que desponta no horizonte é o pior possível. Até porque, se na Câmara dos Deputados prevalecerá o “toma lá, dá cá”, no Senado a pasmaceira de Alcolumbre abrirá caminho para uma prometida independência de Pacheco.
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