A decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), de liberar cultos religiosos com a presença de público em todo o País demonstrou insensibilidade do magistrado diante da pior fase da pandemia do novo coronavírus, falta de compromisso com a vida e desconhecimento do que representa veredicto do plenário da Corte.
Nos primórdios da crise sanitária, o pleno do STF decidiu que governadores e prefeitos têm o direito de adotar medidas para conter o avanço do novo coronavírus, independentemente das diretrizes pautadas pelo governo federal.
Indicado à Suprema Corte pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro agiu não como integrante do Judiciário, mas, sim na condição de preposto de um negacionista que retoma o populismo barato para tentar diminuir as frentes de conflito com a população.
Não se trata de violar a liberdade religiosa com uma medida restritiva, mas de preservar vidas e minimizar o caos que se instalou no sistema público de saúde, onde pessoas morrem na fila de espera por um leito de UTI.
A decisão de Nunes Marques serviu para a família Bolsonaro fermentar a picuinha com o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), que proibiu por decreto cultos religiosos na forma presencial, mas de evitar o desgarramento de parte do eleitorado do presidente da República que está abrigada nas correntes evangélicas.
É de conhecimento da opinião pública que Jair Bolsonaro, além de isolado globalmente, está preocupado apenas com seu projeto de reeleição, que começa a esfarelar, mas é preciso cobrar coerência daqueles que têm o dever de cumprir a lei e garantir o bem-estar da população.
A realização de cultos presenciais, em especial nas igrejas evangélicas, serve para que líderes religiosos engordem os respetivos caixas com as doações dos fiéis. É importante salientar que igrejas das mais diversas religiões devem ao Fisco pouco mais de R$ 1,9 bilhão, dívida que Bolsonaro trabalhou nos bastidores para ser perdoada.
Para o bem da parcela pensante da sociedade, o ministro Gilmar Mendes, do STF, decidiu nesta segunda-feira (5) pela proibição de cultos religiosos na forma presencial em todo o estado de São Paulo. A decisão foi tomada em ação movida pelo PSD, que alegou violação da liberdade religiosa.
O oportunismo barato do PSD chega a ser nauseante, pois não está proibida essa ou aquela prática religiosa, mas apenas a realização de cultos presenciais que podem elevar ainda mais o caos proporcionado pela pandemia.
A decisão do ministro Kassio Nunes Marques foi criticada de forma unânime pelos integrantes do STF, cujo presidente, Luiz Fux, levará em caráter de urgência o tema para julgamento em plenário. Pois bem, se o Papa Francisco vem sugerindo que missas e celebrações religiosas ocorram virtualmente, não há razão para agir na contramão do bom senso para afagar os desvarios de um presidente da República incompetente e irresponsável.
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