Novo presidente do Banco do Brasil mostra-se subserviente e manda liberalismo econômico pelos ares

 
O novo presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, enviou mensagem aos funcionários da instituição financeira em seu primeiro ato após tomar posse na última quinta-feira (1).

Na mensagem, Ribeiro prometeu adotar “austeridade” em relação às despesas do BB e dar sequência à agenda de venda e de reorganização societária de negócios secundários do banco, movimento que já estava em curso. Ao mesmo tempo, em mais uma demonstração de sabujice, o novo comandante do BB tentou mostrar alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro, dizendo-se contrário à privatização do banco.

Tal afirmação contraria o liberalismo econômico defendido pelo ainda ministro da Economia, Paulo Guedes, que há quase um ano, na fatídica reunião ministerial de 22 de abril, disse que o Banco do Brasil deveria ser privatizado. O presidente Bolsonaro, que comandava a reunião que culminou com a demissão de Sérgio Moro, calou-se diante da fala de Guedes, o seu “Posto Ipiranga”.

A carta do novo presidente do BB foi divulgada após momento de turbulência na instituição, que começou com a saída de André Brandão, executivo do mercado financeiro que renunciou a um cargo no HSBC nos Estados Unidos para assumir o banco público brasileiro.

A escolha de Ribeiro desagradou integrantes do conselho de administração do BB, que classificaram o indicado como desprovido de competência para o cargo. Na última semana, o presidente do conselho, Hélio Magalhães, e o conselheiro independente José Guimarães Monforte, renunciaram aos cargos que ocupavam.

“As circunstâncias (da substituição), representadas por restrição inaceitável a atos da administração, emergiram e impedem efetivar medidas que visam realizar avanços na direção de ganhos de eficiência”, afirmou Monforte em sua carta de renúncia. “Acredito também que o processo de sucessão na liderança de empresas, principalmente as de capital aberto, não deve ser feita somente porque se detém o poder para fazê-las.”

 
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Alinhamento com Bolsonaro

Mesmo sem citar o nome do presidente da República, a carta deu a entender que Ribeiro defende o mesmo discurso de Bolsonaro, contrário à privatização do BB. Das formas mais variadas e de subliminares, Ribeiro demonstrou subserviência ao presidente ao afirmar no documento que o BB, com 212 anos, é “patrimônio de todos os brasileiros”.

“O Banco do Brasil é de mercado e é do Brasil”, afirmou o novo presidente da instituição. E explicou: “É de mercado, está listado em Bolsa, tem que ser lucrativo, competitivo e eficiente ao atender mais de 65 milhões de clientes no Brasil e no Exterior; e é do Brasil, porque cada brasileiro é um sócio desse Banco, que nos faz ser historicamente compromissados com o desenvolvimento econômico e social do País.”

Citando colegas de BB, o novo presidente do banco disse que tem o compromisso de conduzi-lo com “retornos adequados” aos acionistas e “atuando de forma integrada e sinérgica com as diretrizes do seu controlador, o governo federal”. “É inegociável buscar eficiência, lucros crescentes, rentabilidade compatível com as principais instituições financeiras”, prometeu.

Até ser fisgado pelas víboras do Centrão, Bolsonaro não criticava a possível privatização do Banco do Brasil. Depois que tornou-se refém do bloco parlamentar, o presidente mudou de ideia, pois precisa distribuir cargos em toda a máquina federal aos adeptos do proxenetismo político.

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